Giulia Poltronieri Publicado em 07/04/2022, às 15h00
Você se joga naquela pizza de quatro queijos ou aproveita o friozinho para fazer um chocolate quente, mas depois de um tempo já sente a barriga fazendo barulhos... será que isso é intolerância à lactose?
Segundo a gastroenterologista Débora Poli, intolerância à lactose é o nome dado para quando a pessoa não consegue digerir adequadamente alimentos que possuam o açúcar presente no leite, chamado lactose. Normalmente, quando consumimos esse açúcar, uma enzima em nosso corpo, conhecida como lactase, consegue quebrá-lo em partes menores, a fim de que seja absorvido.
Uma pessoa intolerante não tem lactase na quantidade necessária para fazer essa quebra e permitir que o corpo absorva a lactose. E é a partir daí que o paciente começa a ter os sintomas.
De acordo com a médica, existem três formas de intolerância:
Os sintomas variam de pessoa para pessoa e de acordo com a quantidade ingerida de lactose. No entanto, eles costumam aparecer entre 30 minutos a 2 horas depois da ingestão e os mais comuns são: gases, plenitude (estufamento), náuseas, diarreia (pode ter também constipação), flatulência, cólicas, dor no corpo, cãibras, dor de cabeça e irritabilidade.
Porém, apesar de trazer tantos sintomas, muitas pessoas intolerantes à lactose continuam consumindo os derivados de leite normalmente e optam por enfrentar as consequências depois. Felizmente, Débora Poli explica que não existem maiores riscos para os adultos com intolerância à lactose além de desconforto e mal-estar. Não é uma condição que pode progredir para outra mais grave e não tem relação com câncer e nem com outras doenças. Mas produz diversos sintomas e pode afetar bastante a qualidade de vida.
Além de observar os próprios sintomas, também é possível fazer exames para constatar a intolerância e descobrir seu grau.
O mais comum é o próprio teste de tolerância à lactose, em que a pessoa ingere, em pequenas quantidades, a lactose dissolvida em água, com intervalos de tempo regulados pelo médico. O resultado analisa (além do claro desconforto na hora do exame) a variação dos níveis de glicose após ingestão de lactose.
Se o paciente apresentar um aumento significativo na glicose, significa que ele não possui intolerância, afinal, seu corpo conseguiu digerir o açúcar do leite.
A gastroenterologista também cita o teste respiratório de intolerância à lactose, em que o paciente ingere uma quantidade de lactose, que será fermentada por bactérias do intestino grosso, em vez de digerida. Assim, haverá produção de gás carbônico e hidrogênio que, após absorção intestinal, são eliminados no ar expirado pelos pulmões e medidos em concentrações maiores que em indivíduos normais. Por fim, também há o teste genético, em que se faz a pesquisa das mutações que determinam a produção da enzima lactase.
O ideal é que se evite consumir produtos derivados do leite justamente para não sofrer com o desconforto dos sintomas. No entanto, existem no mercado algumas opções da enzima lactase, que deve ser tomada alguns minutos antes da ingestão de alimentos com lactose.
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