senhas das redes sociais
Jairo Bouer Publicado em 04/11/2020, às 19h17
Quando os adolescentes são mais novos, o controle dos pais sobre o tempo de conexão dos filhos e sobre as senhas das redes sociais é mais intenso e, à medida que crescem, esses controles tendem a diminuir.
Esse momento de transição nem sempre é claro, tanto para os pais quanto para os filhos. Mas é algo importante de ser discutido em casa, afinal, com a idade, aumenta também o tempo de conexão e até mesmo o uso antissocial, bem como os impactos nas emoções e comportamentos de risco.
De acordo com os dados da pesquisa Tecnologia e o Jovem, que eu fiz em parceria com a Positivo Tecnologia, o Portal Educacional e a Katru Assessoria em Informação, a probabilidade de os pais controlarem o tempo de conexão é 4,7 vezes maior para jovens que têm 13 anos ou menos do que para os que têm 17 anos ou mais.
Como hoje em dia existe um uso muito maior de telas pelas crianças e adolescentes, é importante que, principalmente na infância, os pais tenham um controle do que é consumido nas telas, por quanto tempo e como. Mas, à medida que a criança entra na adolescência, como um movimento natural, ela quer mais liberdade, mais autonomia, e não é incomum que comece a negociar com os pais para que os limites sejam afrouxados.
O controle de senhas é um dos exemplos desta necessidade de assumir o controle do tempo online. Ainda de acordo com a pesquisa, a probabilidade de os pais terem a senha do celular do filho é 2,6 vezes maior entre os jovens que têm 13 anos ou menos do que entre os jovens que têm 17 anos ou mais.
É neste momento em que o adolescente começa a pedir por mais autonomia e liberdade que o diálogo deve entrar em ação. A melhor forma de convencer os seus pais de que você está nessa fase, é mostrar um certo controle e responsabilidade sobre suas atitudes. Porque isso é natural para pais e mães: à medida que percebem que o filho está conseguindo limitar seu tempo de uso, e ter uma noção dos riscos e perigos envolvidos, eles diminuem o controle.
Sabemos que o consumo de telas é altamente aditivo, sendo que alguns especialistas chegam a comparar este consumo de internet com o uso de algumas drogas. Cada vez que eu tenho um like, que meu vídeo é visto ou que meu post é comentado, eu tenho um efeito de recompensa. Nosso sistema nervoso central tende a correr atrás dessas recompensas, porque isso dá prazer pra gente. Então, se a gente teve um momento bom, a gente vai querer ter mais, então cada vez vamos querer ter mais likes, mais exposição, mais visualizações e por aí vai.
Na busca incessante por essas sensações, as pessoas começam a aumentar o tempo em frente às telas, como zumbis, algo que foi muito bem abordado no documentário “O Dilema das Redes”, da Netflix.
O impacto desse consumo excessivo é vasto e se manifesta de diferentes formas, podendo afetar a qualidade de vida e até mesmo incentivar o aumento da exposição na internet, em busca de mais likes, visualizações e seguidores. O lado negativo desta abertura é que os jovens também ficam mais sujeitos ao bullying, preconceitos e outras formas de violência.
É importante que o jovem entenda essas questões todas. Os pais mais antenados, mais modernos, sabem de todos esses riscos e, então, ficam mais em cima. Por isso, é importante conversar sobre o consumo de telas em casa também, para definir o que é legal ou não e quais são os limites.
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