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Adolescentes não pararam de beber e usar maconha na pandemia

Nos Estados Unidos, a idade legal de compra para produtos com nicotina e álcool em todos os estados é de 21 anos - iStock
Nos Estados Unidos, a idade legal de compra para produtos com nicotina e álcool em todos os estados é de 21 anos - iStock

Redação Publicado em 25/06/2021, às 19h00

O uso de maconha e o consumo de bebidas alcoólicas por adolescentes não mudaram significativamente durante a pandemia de Covid-19 apesar da menor disponibilidade dessas substâncias no mercado. Essas são descobertas de uma nova pesquisa feita pelo National Institute on Drug Abuse (NIDA).

Os achados – publicados recentemente no periódico Drug and Alcohol Dependence – desafiam a ideia de que a redução do uso de drogas pelos jovens pode ser alcançada apenas por meio da limitação da oferta. 

Além disso, em contraste com as taxas consistentes relacionadas à maconha e ao álcool, o estudo revelou que o consumo de cigarros eletrônicos diminuiu durante o período de isolamento social. 

Segundo os pesquisadores, 2020 trouxe uma série de mudanças drásticas para a vida dos adolescentes e muitos permaneceram em casa com seus pais e outros membros da família em tempo integral. 

Para eles, é impressionante que, apesar dessa mudança, as taxas de uso dessas substâncias se mantiveram estáveis, indicando que os jovens foram capazes de obtê-las apesar das barreiras causadas pela pandemia e de não serem maiores de idade para comprá-las legalmente.

Vale lembrar que, nos Estados Unidos, a idade legal de compra é de 21 anos para produtos com nicotina e álcool em todos os estados, já a cannabis é legalizada apenas em alguns lugares do país. 

Comparação primavera e verão

Os dados do estudo vieram de um levantamento anual chamado Monitoring the Future (MTF), que se dedica a observar comportamentos de uso de substâncias e atitudes relacionadas entre adolescentes estadunidenses. 

Para avaliar o impacto da pandemia, os pesquisadores realizaram uma análise entre meados de julho e de agosto de 2020 com alunos do 3º ano do ensino médio. Essa pesquisa - realizada no verão - foi comparada ao levantamento feito na primavera, que reuniu respostas de meados de fevereiro e de março do mesmo ano, meses que antecederam o fechamento das escolas devido à pandemia de Covid-19.

Confira:

Queda na disponibilidade

As respostas revelaram que os estudantes perceberam uma queda acentuada na disponibilidade de maconha e de álcool nos meses após o início da pandemia. No caso da cannabis, por exemplo, houve uma queda de 17%  (de 76% para 59%) entre aqueles que julgaram “justo” ou “muito fácil” ter acesso à substância. Já para o álcool, houve uma diminuição de 24% (de 86% para 62%). 

De acordo com os pesquisadores, estas foram as maiores reduções ano a ano na percepção da disponibilidade de maconha e álcool já registradas desde o início do levantamento, em 1975. Antes de 2020, as maiores quedas foram de apenas dois pontos percentuais para a cannabis e um ponto para o consumo de bebidas alcoólicas. 

Além disso, entre a primavera e o verão, os resultados mostraram que houve uma queda acentuada dos estudantes que disseram obter “razoavelmente” ou “muito” um cigarro eletrônico, passando de 73% para 63% depois da pandemia. 

Taxas estáveis de maconha e álcool

Apesar dos declínios observados, os níveis de uso das substâncias analisadas não mudaram significativamente. Antes do início da pandemia, 23% dos estudantes contaram ter usado maconha nos últimos 30 dias, contra 20% durante o isolamento social. 

O mesmo aconteceu com o álcool: 17% dos adolescentes disseram ter consumido bebidas alcoólicas nas últimas duas semanas pré-pandêmicas em comparação a 13% após a chegada da pandemia. 

Em contrapartida, ocorreu uma redução moderada e significativa em relação ao uso de cigarros eletrônicos, sendo que, antes da pandemia, 24% dos entrevistados relataram ter usado o dispositivo no último mês - 17% disseram ter usado ao longo do isolamento social. 

Para os pesquisadores, a ampla disponibilidade de álcool e maconha, mesmo durante a pandemia, é o fator responsável pelo uso contínuo dessas substâncias. Embora as restrições relacionadas ao isolamento social limitassem as interações sociais e, apesar das quedas recordes na percepção da disponibilidade, a maioria disse que tinha acesso à maconha e ao álcool. 

Os autores sugerem que, quando as substâncias se tornam menos disponíveis, os adolescentes podem intensificar seus esforços para obtê-las. Com esses achados, a equipe acredita que reduzir esse consumo pelos adolescentes apenas por meio de restrições do fornecimento é uma tarefa difícil. Assim, a melhor estratégia seria combinar abordagens para limitar as ofertas com esforços para diminuir a demanda por meio de campanhas educativas e saúde pública. 

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