Redação Publicado em 01/07/2021, às 10h00
Sabemos que a adolescência é um período conturbado, em que os jovens começam a se perceber como indivíduos e passam a fazer suas próprias escolhas. Algumas delas, no entanto, não são boas aos olhos dos pais e, por isso, muitos deles agem em segredo.
O que ninguém esperava é que em pleno 2021 uma das coisas que os adolescentes teriam que fazer escondido é se vacinar. Segundo uma reportagem do The New York Times, uma pesquisa recente da Kaiser Family Foundation descobriu que apenas três em cada dez pais de crianças entre 12 e 17 anos pretendiam permitir que elas fossem vacinadas contra a Covid-19 imediatamente. Muitos dizem que esperarão por mais segurança a longo prazo ou por uma ordem escolar. Mas, com os adolescentes ansiosos para receber a vacina que pode devolver a liberdade tirada durante a pandemia, a tensão em casa está crescendo.
Atualmente, nos Estados Unidos, quarenta estados exigem o consentimento dos pais para a vacinação de menores de 18 anos, e Nebraska estabelece a idade para 19 anos. Além disso, apenas alguns estados concedem isenções para adolescentes em situação de rua ou emancipados.
A matéria produzida pelo The New York Times traz entrevistas com alguns pais para explicar o porquê de estarem proibindo que seus filhos se vacinem. Os motivos são os mais variados, mas sempre embasados em informações falsas.
A mãe de uma adolescente de 17 anos, por exemplo, disse que a filha quer tomar a vacina apenas porque os amigos também estão tomando e porque não quer usar máscara. Mas, para ela, a vacina pode afetar o sistema reprodutor da filha — informação que já foi contestada — e por isso ela não permite a vacinação.
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Uma outra adolescente, de 15 anos, contou a frustração de não poder voltar à “vida normal” por não se vacinar.
“Cinco dos meus amigos estão dando uma festa e eles me convidaram, mas perguntaram se estou vacinada. Então, eu não posso ir. Isso machuca”, explicou a garota.
Segundo Gregory D. Zimet, psicólogo e professor de pediatria na Escola de Medicina da Universidade de Indiana, sim! Ele, inclusive, apontou a ironia de um adolescente ser legalmente impedido de fazer uma escolha que foi fortemente incentivada por funcionários da saúde pública. Em termos de desenvolvimento, disse ele, adolescentes com 14 anos e até mais jovens são pelo menos tão bons quanto os adultos em pesar os riscos de uma vacina. “O que não quer dizer que os adultos sejam necessariamente bons nisso”, acrescentou.
Em muitos estados, os adolescentes podem tomar decisões sobre contracepção e infecções sexualmente transmissíveis, que são, observou ele, “de muitas maneiras mais complexas e difíceis do que tomar uma vacina”.
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