Adultos com TDAH podem ter quase três vezes mais chances de desenvolver demência, de acordo com um estudo que sugere a possibilidade de haver uma conexão entre ambas as condições, tanto biológicas quanto ligadas ao estilo de vida.
A demência é o termo abrangente usado para descrever a "habilidade prejudicada de lembrar, pensar ou tomar decisões que interfere nas atividades diárias". É importante destacar que esses sintomas não são parte do envelhecimento normal.
O trabalho, que contou com equipes de universidades dos EUA, Israel e Suécia, acompanhou mais de 109 mil adultos e analisou o risco de demência daqueles com diagnóstico de TDAH na idade adulta.
Assim como as crianças com TDAH, adultos com a condição podem ter dificuldades para prestar atenção, hiperatividade e comportamento impulsivo. Muita gente só descobre que tem o transtono na idade adulta.
De acordo com Michal Beeri, um dos autores do estudo que atua na Rutgers University, há uma ligação entre os sintomas de TDAH, como comportamento impulsivo, e escolhas de estilo de vida inadequadas que podem contribuir para a demência. Isso pode incluir hábitos alimentares inadequados e falta de exercício, obesidade e hipertensão, todos fatores de risco conhecidos para demência.
Vários estudos epidemiológicos já indicaram a ingestão de gordura em excesso na dieta está associada à doença de Alzheimer e ao risco de demência em geral.
A demência também tem sido relacionada ao uso de álcool e drogas, e os pesquisadores observam que também existe uma "relação complicada" entre uso de substâncias e o TDAH.
Além dessas questões de estilo de vida e comportamento, os pesquisadores acrescentam que pode haver uma ligação neurobiológica entre o TDAH e a demência: "É concebível que a neurobiologia do TDAH contribua para a reserva cerebral e cognitiva comprometida, aumentando o risco de demência na velhice", disse Beeri à Health.
Embora uma ligação direta entre o TDAH e a demência permaneça desconhecida, é possível que algumas das causas genéticas do TDAH e as causas genéticas da demência sejam as mesmas, e, portanto, existam vias genéticas semelhantes para ambos os distúrbios.
Mais estudos devem ser feitos para analisar essas conexões, e saber, por exemplo, se o tratamento medicamentoso do TDAH pode, de alguma forma, diminuir o risco de demência mais tarde na vida.
Fontes: Health e Jama Network
Tatiana Pronin
Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY e é membro da Association of Health Care Journalists. Twitter: @tatianapronin