Redação Publicado em 04/07/2024, às 09h00
O Cisa (Centro de Informações sobre Saúde e Álcool) divulgou nesta semana o relatório “Álcool e a Saúde dos Brasileiros – Panorama 2023”. No geral, 55% dos entrevistados declararam não beber, ao passo que 27% e 17% foram categorizados como consumidores moderados e abusivos, respectivamente. A classificação foi feita com base na pontuação das três primeiras perguntas de um questionário. Para os fins da análise, homens que pontuaram entre 1 e 5 pontos foram categorizados como moderados, enquanto os que pontuaram entre 6 e 12 foram considerados consumidores abusivos.
Mulheres que alcançaram entre 1 e 4 pontos foram categorizadas como consumidoras moderadas e entre 5 a 12, consumidoras abusivas. Apesar de haver uma tendência global e nacional de aumento do consumo de álcool neste grupo, elas ainda se destacam como não bebedoras. Em relação ao consumo abusivo de álcool, a prevalência estimada é semelhante à observada em outras pesquisas brasileiras, com prevalência de 17% para a população geral e maior para os homens (23%).
Ao todo, 1.983 brasileiros foram entrevistados, sendo que um pouco mais da metade da amostra foram mulheres (52%). A média de idade foi de 42 anos, e pelo menos 41% dos participantes haviam concluído o ensino médio. Grande parte da amostra estava concentrada na região Sudeste do país (43%).
Com relação à classificação econômica, quase 50% dos entrevistados representavam a classe C; a renda familiar dos participantes estava em torno de 1 salário-mínimo (28%), 1 a 2 salários-mínimos (29%) e 2 a 5 salários-mínimos (26%); 55% dos entrevistados se declararam pretos e pardos e, com relação à religião, 54% dos participantes se declararam católicos e 28% evangélicos. Por fim, 84% dos entrevistados disseram ter acesso à internet.
Dos brasileiros entrevistados, tanto para consumo moderado quanto para consumo abusivo, os homens foram os que se destacaram (31% e 23%, respectivamente). Por outro lado, como já apontado, as mulheres se destacaram como não bebedoras (64%). A faixa etária mais jovem, de 18-24 anos, é a que apresenta menor porcentagem de abstêmios (13%). Já a faixa etária de 25-34 anos é a que concentra a maior porcentagem de consumidores moderados e abusivos.
A maioria dos consumidores de álcool, tanto moderados quanto abusivos, se localizam na região Sudeste, assim como grande parte dos abstêmios. Os consumidores moderados e abusivos possuem maior escolaridade que os abstêmios havendo maior porcentagem de ensino superior completo entre os moderados (31%).
Em termos de renda, consumidores moderados e abusivos também superam os abstêmios. Embora a classe C concentre a maior parte dos consumidores de álcool e de abstêmios, há porcentagem expressiva de não bebedores das classes D/E (32%) e de moderados das classes A/B (31%). Também foi possível observar que a maior porcentagem de consumidores abusivos ocorre entre os que se declararam pardos e pretos (59%)
Com relação à frequência do consumo de álcool, a maior parte dos brasileiros entrevistados afirma nunca consumir bebidas alcoólicas (55%). Entre os que consomem, a maior porcentagem (20%) afirma ingerir uma vez por semana ou a cada 15 dias, 14% ingere uma vez por semana ou menos, 7% de duas a quatro vezes por semana e apenas 3% consome cinco vezes ou mais. Os jovens (18-24 anos) e adultos jovens (25-34 anos) são os que apresentam menor nível de abstenção e maior frequência de consumo, uma vez por semana ou a cada 15 dias (25% e 23%, respectivamente).
Com relação à frequência de consumo abusivo, ou seja, a ingestão de seis ou mais doses por ocasião, a maior porcentagem (33%) pratica esse tipo de consumo uma vez por mês ou menos; 30% uma vez por semana ou a cada 15 dias; 12% de duas a quatro vezes por semana e 5% responderam cinco ou mais vezes por semana. A maior parte dos jovens e adultos apresentaram este padrão de consumo entre menos de uma vez ao mês a uma vez por semana. A faixa etária 60 e mais é a que pratica o consumo abusivo com mais frequência: 17% afirmam consumir seis ou mais doses duas a quatro vezes por semana e 9% o fazem cinco vezes por semana ou mais
No quesito religião, há um fator importante com relação ao consumo de álcool dos brasileiros entrevistados. Os praticantes da religião evangélica se destacaram com as maiores prevalências de abstenção e as menores de consumo abusivo; 73% deles se declararam não bebedores, em comparação com 49% da religião católica e 45% das demais religiões ou de pessoas que não seguem nenhum credo, enquanto 11% praticam consumo abusivo, comparados aos 19% de católicos e 21% de outras religiões/sem religião. De forma geral, os praticantes de alguma religião, seja católica ou evangélica, possuem maiores níveis de abstenção e menores prevalências de consumo abusivo comparados aos de outras religiões ou sem religião.
Com relação ao consumo por ocasião, a maior parte dos entrevistados (63%) consome até 4 doses por ocasião e o faz entre uma vez por mês ou menos a uma vez por semana. Um destaque são as pessoas com 60 anos ou mais, que praticam consumo abusivo de álcool com mais frequência do que as outras faixas etárias, seguidas pelos de 25 a 34 anos.
No que diz respeito à percepção do brasileiro sobre o consumo moderado de álcool, os resultados mostraram que, embora parcela significativa esteja de acordo com o limite de 1 a 2 doses utilizado pela pesquisa (43%), a maior parte desconhece ou considera a moderação acima dos parâmetros utilizados.
Com relação à percepção do próprio hábito de consumo, 33% dos brasileiros entrevistados acreditam que bebem de forma moderada e 8% disseram ter este padrão de consumo, mas assumiram passar dos limites eventualmente. Lembrando que pela classificação da pesquisa, 27% dos entrevistados são consumidores moderados e 17% abusivos. Além disso, entre consumidores moderados, 46% afirmam praticar consumo abusivo uma vez por mês ou menos.
Um ponto de atenção é que apenas 13% dos que praticam consumo abusivo reconhecem que precisam mudar esse hábito. Com isso, existe uma parcela importante de pessoas que abusam do álcool e ainda não percebem seu padrão de consumo como problemático, demonstrando a necessidade de políticas públicas que esclareçam sobre o consumo abusivo e seus danos.
Para ter acesso a toda a pesquisa, clique aqui.