Pesquisadores testaram os efeitos da mistura em ratos e detectaram mudanças similares às de cobaias que receberam a droga
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h43 - Atualizado às 23h54
O consumo de bebidas alcoólicas misturadas com energéticos, que contêm níveis altos de cafeína, pode desencadear mudanças no cérebro dos adolescentes comparáveis às produzidas pelo uso de cocaína, de acordo com um estudo feito em ratos.
Segundo pesquisadores da Universidade Purdue, nos Estados Unidos, essas alterações envolvem o sistema de recompensa do cérebro e podem se estender até a idade adulta.
Bebidas energéticas costumam contar com uma dose de cafeína dez vezes maior que a de refrigerantes. Como são doces, costumam ser usadas pelos jovens para deixar a bebida com sabor mais agradável e também para ter mais pique durante a balada.
Os pesquisadores testaram a mistura em ratos adolescentes e compararam os efeitos a animais que receberam placebo, ou seja, uma substância inerte. Nos que receberam álcool com energéticos, a equipe detectou sinais físicos e neuroquímicos similares aos observados em camundongos que receberam cocaína.
Os ratos que receberam álcool e cafeína, quando jovens, tornaram-se menos sensíveis aos efeitos prazerosos da cocaína ao chegar na idade adulta. Isso significa que esses indivíduos teriam que consumir uma quantidade maior da droga para obter os mesmos efeitos. Esses mesmos animais apresentaram uma tendência maior a consumir açúcar mais tarde – vale lembrar que doces também ativam o sistema de recompensa do cérebro.
Os resultados foram publicados na revista científica PLoS ONE.