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Álcool torna as pessoas mais amigáveis, mas só com quem “é da turma”

Imagem Álcool torna as pessoas mais amigáveis, mas só com quem “é da turma”

Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h27 - Atualizado às 23h56

Beber torna as pessoas mais amigáveis com os conhecidos, só que também mais grossas com quem não faz parte da turma. É o que revela o pesquisador Ian Mitchell, da Universidade de Birmingham, que realizou, recentemente, uma série de experimentos com ajuda de exames de imagem e comprovou os efeitos da bebida no comportamento humano.

O consumo de álcool faz com que muita gente se sinta invencível e mais ousado do que o habitual, pois aumenta a atividade de um neurotransmissor chamado Gaba. O efeito depende da dose e da localização de receptores dessa substância química no cérebro. Além disso, beber aumenta os níveis de dopamina, que gera uma sensação de recompensa e de euforia suave.

Em doses mais elevadas, a bebida inativa um outro circuito cerebral que é ligado ao medo e à ansiedade – é por isso que quem  bebe demais fica meio sem noção do perigo, e passa a confiar mais nos outros, conforme explica Mitchell em um artigo no site The Conversation, que reúne textos de pesquisadores.

Porém, o álcool também estimula a agressividade – em testes, quem bebeu teve mais disposição para administrar choques elétricos nos outros, especialmente quem já tinha uma tendência a ser agressivo.

Uma questão importante é que a substância também afeta a capacidade de ler as intenções dos outros e suas expressões faciais, o que somado à característica anterior pode causar problemas sérios.

Por tudo isso, Mitchell reitera que a bebida pode interferir bastante no funcionamento social, fazendo as pessoas se unirem mais aos amigos ou a quem pertence ao mesmo grupo étnico, e rejeitar quem está de fora.

Por último, o pesquisador avisa que grandes quantidades de álcool podem deixar o funcionamento desses circuitos cerebrais tão comprometidos, no fim de uma balada, quanto os de quem sofre de demência. E o consumo crônico pode levar a perdas irreversíveis, como problemas de memória, depressão e até tendência ao suicídio.