Estava pensando em dar uma chegada lá em Brasília dia desses para tentar dividir um pouco da minha vivência em comportamento e prevenção com a galera do
Jairo Bouer Publicado em 09/02/2020, às 02h12 - Atualizado em 10/02/2020, às 16h18
Estava pensando em dar uma chegada lá em Brasília dia desses para tentar dividir um pouco da minha vivência em comportamento e prevenção com a galera do andar de cima, que parece insistir em uma visão distorcida (para dizer o mínimo) da realidade.
Embora, em psiquiatria, algumas vezes, a gente mergulhe na “distorção” para fortalecer vínculo e criar empatia, creio que esse não seria o melhor recurso nesse momento.
Só uma rápida digressão na questão da “distorção”: primeiro seria importante separar o que é “delírio” (“eu acredito mesmo nesse universo particular que estou vivendo”) do que é “estratégia”, (“eu jogo fumaça, crio factoides, para distrair ou turvar a visão do que está realmente acontecendo”) e, ainda, do que é “ignorância” (“eu não estudei, não tenho experiência e não estou minimamente interessado em vencer essa minha limitação”). Volto agora à minha seara.
Como ando sem tempo para viajar para nossa capital, vou dar minha contribuição à distância. Com receio de escrever textão e ninguém ler (pois livro é “um montão de amontado de muita coisa escrita”), vou tentar esquematizar em um formato que ganhou popularidade no país todo, o PPT (montei telas sem ilustração e vou contar com a criatividade de vocês para que todos possam visualizá-las). As frases destacadas em itálico são de uma entrevista do presidente com a imprensa nessa produtiva semana! Já as frases em tópicos são o que queria falar para o pessoal lá do DF – e ainda criei um item para que eles entendam o que precisamos na vida real.
“Uma pessoa com HIV, além de ter um problema sério para ela, é uma despesa para todos aqui no Brasil”
O precisamos vida real: orientar e oferecer tratamento, pois quem se trata hoje tem vida normal e não transmite o vírus!
“A Damares está sendo 10 nessa questão, ela defende mudança de comportamento necessária no Brasil”
O precisamos na vida real: o que tem efeito, de verdade, é investir na construção da autonomia e respeito às escolhas individuais
“Quando ela (Damares) fala em abstinência sexual esculhambam ela. Eu tenho uma filha de 9 anos, você acha que eu quero ter uma filha grávida ano que vem? Não”
O que precisamos na vida real: é bom lembrar que boa parte das gestações aos 9 acontece por violência sexual e os agressores, em geral, são pessoas próximas à vítima. Daí a importância de tocar no tema das masculinidades! O que precisamos é orientar as crianças e as famílias, dar educação sexual e criar projetos de futuro, escolas de qualidade e opções de lazer e cultura
“Esse comportamento que pregaram de que vale tudo, que glamoriza certos comportamentos que um chefe de família não concorda, é uma depravação total”
O que precisamos na vida real: boas escolas e proteção social postergam o início da vida sexual. Fica a dica 😉
O que o pessoal de Brasília precisa na vida real
Boa sorte!
*Do site do Jairo no UOL