Redação Publicado em 02/08/2022, às 15h00
A doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência, termo geral utilizado para a perda de memória e de outras habilidades cognitivas. Segundo a Alzheimer 's Association, a doença é responsável por 60% a 80% dos casos de demência no mundo.
Por ser uma condição progressiva, o Alzheimer piora com o tempo. Ou seja, em seus estágios iniciais, a perda de memória – considerada o sintoma mais característico e frequente – é leve, mas, com o decorrer dos anos, os indivíduos perdem a capacidade de continuar uma conversa, por exemplo.
Segundo o Ministério da Saúde, 35,6 milhões de pessoas no mundo têm o diagnóstico de Alzheimer; no Brasil são aproximadamente 1,2 milhão de casos, a maior parte ainda sem diagnóstico.
Felizmente, SIM! Para entender como a prevenção é possível, primeiro é importante entender as causas. Pode parecer surpreendente, mas a doença tem o seu início no cérebro 15 a 20 anos antes de a pessoa ter os primeiros sintomas de perda de memória.
Segundo a hipótese mais disseminada, ela é provocada pelo acúmulo lento e gradual de uma proteína chamada beta-amiloide no cérebro. Essa proteína é liberada naturalmente durante o funcionamento cerebral, mas o cérebro tem mecanismos naturais de limpeza, que impedem que se acumule.
Caso essa produção seja excessiva ou a limpeza insuficiente, a proteína vai se condensando em forma de placas em algumas áreas mais frágeis do cérebro, provocando mau funcionamento e degeneração dos neurônios e de outras células cerebrais. O problema é que o tecido cerebral praticamente não se regenera.
Nesse cenário, se a doença começa no cérebro de 15 a 20 anos antes, quando a pessoa tem entre 45 e 55 anos de idade já deve adotar as medidas preventivas. Como o cérebro tem uma baixa capacidade de regeneração, qualquer prevenção ou tratamento após o início dos sintomas é menos eficiente.
Segundo Conrado Borges, médico especialista em Neurologia Cognitiva e do Comportamento, existem evidências de medidas comprovadas para a prevenção da doença.
Estudos mostram que as mesmas doenças que estão ligadas ao infarto e ao Acidente Vascular Cerebral (AVC) também são fatores de risco para o desenvolvimento do Alzheimer: diabetes, fibrilação atrial (um tipo de arritmia), hipertensão e colesterol alto aumentam a chance de a pessoa desenvolver a doença.
Estudos de grandes populações de países desenvolvidos mostram um dado curioso. Apesar das suas populações estarem envelhecendo, o aumento de novos casos de Alzheimer não aumentou proporcionalmente.
O principal aspecto que se correlacionou a esse fenômeno foi que a população nesses lugares tem tido um controle cada vez melhor desses fatores de risco. Assim, uma das principais formas de prevenção é o controle rigoroso de pressão, colesterol, diabetes, arritmias e de outros fatores de risco.
Já existem fortes evidências de que a atividade física moderada e regular reduz o risco de Alzheimer e de alterações cognitivas. Segundo a OMS, é necessária uma frequência de 150 minutos por semana, o que equivale a no mínimo 30 minutos por dia, cinco dias por semana. Entre os mecanismos propostos para esse efeito benéfico no cérebro, três se destacam:
1. Pessoas que praticam atividades físicas regularmente têm maior fluxo sanguíneo cerebral do que as que não;
2. Quem faz atividade física tem menor perda do volume do hipocampo (estrutura responsável pela gravação de novas memórias no cérebro) do que quem não faz.
3. Apesar de o cérebro ter uma grande dificuldade de regeneração, toda pessoa tem uma pequena taxa de geração de novos neurônios, que é chamada de neurogênese. Indivíduos que realizam atividade física têm maior taxa de neurogênese no hipocampo.
Além disso, o exercício está relacionado a um melhor funcionamento do organismo, o que implica em menor taxa de pequenos infartos no cérebro, menor quantidade de doença de pequenos vasos e melhor qualidade do sono e do humor.
Confira:
Há evidências cada vez maiores de que pessoas com sono de má qualidade na meia idade têm um risco aumentado de desenvolver Alzheimer futuramente. A lógica por trás disso é que o sono, especialmente o sono profundo, tem um papel fundamental na limpeza dos resíduos cerebrais produzidos ao longo do dia, entre eles a proteína beta-amiloide.
Dessa forma, pessoas que dormem mal frequentemente vão acumulando mais rapidamente esses resíduos até que se transformem em placas e, consequentemente, resultem nos sintomas do Alzheimer.
Por isso é importante ter atenção à qualidade do seu sono e, se necessário, procurar ajuda médica. Tratar essa questão poderá servir como prevenção de um quadro de demência no futuro.
Uma alimentação inapropriada pode levar a doenças como diabetes, doença coronariana, infarto do miocárdio e AVC. Porém, a alimentação também influencia o risco de Alzheimer. Diferentes nutrientes podem gerar maior ou menor dano no cérebro e melhorar ou piorar o funcionamento de funções cognitivas (como memória e atenção).
Estudos mostram que as vitaminas C, D, E, B1 e B12 podem ter um papel positivo, assim como o ômega 3. Mas não basta comprar um suplemento dessas vitaminas, pois ingerir compostos com os nutrientes isolados não tem o mesmo efeito sobre a cognição e sobre o risco de Alzheimer do que quando ingeridos na dieta.
O caminho correto é buscar por uma dieta completa e comprovadamente protetora. As mais estudadas são a dieta Mediterrânea, a DASH, a MIND e a dieta baseada em peixe (oriental). Procure um nutricionista para discutir sobre as características e possibilidades de cada uma.
A quantidade de conexões do cérebro é muito importante para determinar como a pessoa vai responder à perda de neurônios. Quanto maior o repertório de conhecimentos e habilidades, maior a quantidade de conexões do cérebro e melhor a adaptação à perda de neurônios.
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