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Ana Paula Valadão: movimentos divulgam nota de repúdio

Imagem Ana Paula Valadão: movimentos divulgam nota de repúdio

Jairo Bouer Publicado em 14/09/2020, às 20h36

A Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e Aids (RNP+ Brasil) divulgou neste domingo (13) uma carta de repúdio às declarações da cantora gospel Ana Paula Valadão feitas no programa “Diante do Trono”, e que viralizaram no último fim de semana na internet. O movimento lembra que, de acordo com o Ministério da Saúde, 57,74% das infecções pelo HIV afetam pessoas heterossexuais.

Veja a nota na íntegra:

A Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e AIDS (RNP+Brasil) é um movimento social iniciado em 1995 que visa o fortalecimento individual e coletivo e agrega pessoas vivendo com HIV e aids em todas as regiões do País, vem por meio desta manifestar seu repúdio às declarações LGBTfóbicas e sorofóbicas de Ana Paula Valadão, feitas no programa “ diante do trono” em 2016 e que viralizou agora na internet.

É lamentável a falta de informação e o teor preconceituoso na fala dessa pessoa, mesmo diante de quase 40 anos da epidemia do HIV/AIDS no Brasil.
Primeiro, não existe contaminação de ninguém por AIDS, as pessoas são infectadas pelo HIV. Segundo, não são somente gays que são infectados, todas as pessoas com vida sexual ativa, independente de sua orientação sexual, se não se prevenirem podem ser infectadas pelo HIV.

De acordo com o Boletim Epidemiológico de HIV/AIDS do 2019 do Ministério da Saúde, a proporção calculada de 57,74% das infecções pelo HIV são de pessoas heterossexuais. Por fim ninguém escolhe ser gay ou hetero.

Falas como essas são muitos perigosas e prejudiciais, pois trazem um teor de punição divina e isso faz com que as pessoas demorem para fazer o teste e, dessa forma, retardem o tratamento caso estejam com HIV.

O HIV tem tratamento e quanto antes a pessoa (indiferente da orientação sexual) procurar saber sua sorologia, poderá iniciar o tratamento, e assim, controlar a replicação do vírus. Desta forma, preservará sua imunidade e a qualidade de vida, podendo chegar ao status de indetectável. Isto significa também que o HIV fica intransmissível sexualmente.

Falas como essas aumentam o estigma e preconceito sobre as pessoas vivendo com HIV e aids que por anos sofrem com discursos fundamentalistas que só trazem sofrimento físico, social e mental.

A RNP+Brasil vê a postura de Ana Paula Valadão como extremamente preconceituosa e discriminatória.

Chega de desinformação e de preconceito. Não ao estigma e à discriminação!
O fundamentalismo religioso estigmatiza, segrega e mata!

Outras entidades também divulgaram nota sobre o assunto, como a Articulação Nacional de Luta contra a Aids (Anaids) e a Aliança Nacional LGBTI+.