Os animais de estimação estão cada vez mais integrados à rotina e aos hábitos dos tutores, e não é mais exceção ouvirmos pessoa falando que eles fazem parte da família. Assim, é normal que o tutor fique cheio de dúvidas quando enfrentamos dias mais frios. Será que o gato ou o cachorro, tão cheios de pelos, sentem frio? Se sentem, como mantê-los aquecidos? Colocar roupinha é necessário ou apenas um capricho? E quais são as diferenças nos cuidados com cães e felinos durante as temperaturas mais baixas?
Para responder a essas perguntas, alguns especialistas explicam os cuidados necessários para garantir o bem-estar e a saúde dos pets quando a temperatura cai. Afinal, é importante estar atento à qualidade de vida dos animais, pois o frio pode impactar diversos aspectos do dia a dia dos pets, como a troca de pelagem e até mesmo os passeios de rotina.
A seguir, algumas dicas para os tutores garantirem que seus cães e gatos não sofram com as baixas temperaturas. Confira:
Assim como os humanos, os animais também sentem frio e podem ser afetados negativamente pelas baixas temperaturas. Gatos e cachorros que têm acesso a locais externos da casa tendem a reduzir suas atividades ao ar livre durante o inverno. É crucial garantir que eles tenham um local quente e seguro para se abrigar, considerando até mantê-los dentro de casa nos dias mais frios. Uma dica importante é posicionar a entrada da casinha oposta às correntes de ar frio. Se o animal tem apenas uma caminha, é recomendável forrar o chão com um tapete isolante, papelão ou jornal, para evitar que ele fique exposto ao frio enquanto descansa.
Utilizar umidificadores pela casa para garantir a umidade adequada do ambiente também faz diferença. É essencial manter a casa limpa e evitar, por exemplo, exposição à poeira proveniente de reformas, que pode causar alergias e problemas dermatológicos nos animais. Manter as janelas e portas fechadas em momentos com maior concentração de partículas no ar é uma medida importante para proteger seu animal de estimação.
A saúde dos pets pode ser mais vulnerável no inverno, por isso é importante realizar check-ups regulares para garantir que ele está saudável e sem problemas respiratórios ou articulares, que podem piorar com o frio. Manter a vacinação e a vermifugação em dia também é essencial. Nessa época, há um aumento na propagação de doenças causadas por vírus e bactérias, o que eleva o número de visitas às clínicas veterinárias devido a problemas envolvendo esses agentes, especialmente no sistema respiratório, ocular, auditivo e osteoarticular.
Entre as condições mais comuns estão gripes e resfriados, traqueobronquites, pneumonias, otites, artrites e artroses. As manifestações respiratórias decorrentes do vírus da cinomose canina também podem ser mais frequentes durante essa estação. Por isso, manter as vacinas em dia é essencial para protegê-los da maioria dessas enfermidades. Outro problema: o tempo seco pode causar alergias e problemas dermatológicos nos animais. Portanto, fique atento!
Pela manhã, os animais tendem a se movimentar mais para aliviar o desconforto nas articulações e, à medida que a temperatura aumenta, a circulação melhora. Para cuidar da saúde articular nos dias frios e reduzir o desconforto, é indicado o uso de suplementos e vitaminas, como o colágeno tipo dois para cães e gatos com desordens osteoarticulares. O uso de ômega 3 também pode ajudar a prevenir esse tipo de desconforto. Ele ainda é benéfico para a saúde da pele dos animais, que pode ficar ressecada devido à baixa umidade no frio.
Com os dias mais gelados, tanto humanos quanto animais sentem mais fome, embora a necessidade energética não aumente significativamente. Por isso, manter a quantidade adequada de alimento para pets, considerando idade, porte e peso, é fundamental para evitar sobrepeso. A oferta de uma ração de boa qualidade também é fundamental. O período também requer atenção à hidratação, especialmente dos gatos, pois tendem a ingerir menos água naturalmente.
Hidratação adequada é primordial para prevenir problemas de saúde como infecções urinárias e desidratação, principalmente durante o inverno. Por isso, é importante garantir que tenham acesso constante a água fresca e limpa, e incentivar o consumo de água de maneiras criativas, como adicionando fontes de água ou misturando ração úmida na dieta. Verifique se a água não está muito fria ou congelada. Diferente dos humanos, os animais não absorvem vitamina D pela pele, necessitando de uma dieta balanceada que contenha todas as vitaminas essenciais, obtidas exclusivamente pela alimentação.
Também é importante consultar um veterinário para verificar se há necessidade de ajustar a alimentação do animal durante o inverno, já que alguns podem precisar de um incremento calórico para manter a temperatura corporal.
Algumas raças de cães com pelagem dupla, como Border Collie, Pastor Shetland, São Bernardo, Bernese e Husky Siberiano, sofrem quedas de pelos acentuadas duas vezes ao ano devido à troca de pelagem adaptada às estações. Se essas trocas durarem longos períodos, procure orientação veterinária, pois nem toda queda de pelo é causada por mudanças climáticas. Em gatos, a troca de pelos é menos perceptível, mas é importante escová-los regularmente para evitar nós e a ingestão de pelos, que pode levar à formação de bolas de pelo. Oferecer alimentos ricos em fibras especiais também ajuda a controlar as bolas de pelos, eliminando-as pelas fezes e melhorando o bem-estar do animal.
Para animais de pelo curto ou que são mais sensíveis ao frio, como filhotes (são mais suscetíveis ao frio por ainda estarem em fase de desenvolvimento) e idosos (podem sofrer mais com problemas articulares e doenças respiratórias), roupinhas podem ser uma saída, assim como para aqueles acostumados com o uso. No entanto, alguns, como os gatos, por exemplo, não são muito adeptos ao uso de roupas. Uma alternativa é manter sempre uma coberta ou manta mais quentinha à disposição de seu pet. Se ele não gosta de roupas, não insista, pois isso pode gerar um estresse desnecessário ao animal.
As frequências de banho podem ser orientadas pelo veterinário, mas, em épocas mais frias, os intervalos podem ser maiores. Utilize água morna e dê banho nos horários mais quentes do dia. Seque o animal imediatamente após o banho, cuidando para não queimar a pele com o secador. Para prevenir otites, evite que água entre nas orelhas do pet protegendo-as com algodão durante o banho. Quanto às tosas, prefira as higiênicas no inverno, deixando as tosas mais baixas para as estações mais quentes.
Apesar do frio, os pets ainda precisam de exercícios e atividades para se manterem saudáveis. Em dias muito frios, substitua os passeios ao ar livre por brincadeiras dentro de casa, garantindo que os pets se mantenham ativos. Nos dias menos frios, leve-o para passeios mais curtos e em horários mais quentes do dia, evitando as primeiras horas da manhã e o final da tarde. Caso não seja viável, ofereça um ambiente ensolarado dentro de casa e promova brincadeiras e enriquecimento ambiental para manter seu animal ativo e saudável.
Este conjunto de cuidados não apenas protege os animais de estimação das adversidades do inverno, como proporciona que o período seja confortável, além de fortalecer o vínculo entre tutores e animais, promovendo uma vida saudável e feliz para todos os membros da família, pinclusive os de quatro patas. E lembre-se: para mais orientações específicas, consulte sempre um veterinário de confiança.
Fontes:
Bruno Alvarenga - professor de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Brasília (CEUB);
Dorie Zattoni - médica-veterinária e supervisora técnica-comercial da Brazilian Pet Foods;
Kelly Carreiro - médica-veterinária da Special Dog Company.
Cármen Guaresemin
Filha da PUC de SP. Há anos faz matérias sobre saúde, beleza, bem-estar e alimentação. Adora música, cinema e a natureza. Tem o blog Se Meu Pet Falasse, no qual escreve sobre animais, outra grande paixão. @Carmen_Gua