Anorexia: pandemia de Covid-19 provocou aumento de casos

Um novo estudo publicado na JAMA Network Open alerta sobre mais uma consequência da pandemia de Covid-19 para crianças e adolescentes: os distúrbios alimentares. De acordo com os dados, houve um grande aumento no número de casos e de internações em 2020.

Realizada com informações de seis hospitais do Canadá, a pesquisa encontrou que novos diagnósticos quase dobraram durante a primeira onda da pandemia e a taxa de internações foi quase três vezes maior quando comparada aos anos pré-pandêmicos. 

Os achados se somam a outros três estudos menores feitos nos Estados Unidos e na Austrália, que também encontraram um crescimento significativo nas internações por transtornos alimentares durante o isolamento social. 

Para os pesquisadores, esses jovens, provavelmente, já estavam lutando com a sua própria imagem corporal, ansiedade e outras questões relacionadas à saúde mental antes da pandemia – e chegaram ao “ponto crítico” durante esse período. 

Eles acreditam, ainda, que esse aumento está diretamente relacionado ao fato das crianças terem sido tiradas das suas rotinas diárias.

Interrupção da rotina

Com a imposição das medidas de combate à Covid-19, tudo foi, de alguma forma, interrompido – incluindo refeições, exercícios, padrões de sono e conexões com amigos –, o que pode ter levado crianças e adolescentes mais vulneráveis a recorrerem à restrição alimentar.

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Os autores explicam que, como a depressão e a ansiedade, muitas vezes, acabam “se sobrepondo” aos distúrbios alimentares, qualquer piora dessas condições de saúde mental também pode ter contribuído para a anorexia em alguns jovens.

Vale lembrar que a anorexia é um transtorno alimentar caracterizado por forte restrição de calorias e dos alimentos que uma pessoa ingere, bem como por um medo intenso de ganho de peso.

Quase o dobro de novos casos

A equipe envolvida no estudo analisou novos diagnósticos de anorexia entre crianças e adolescentes de nove a 18 anos nos períodos de março a novembro de 2020. Eles compararam todos os dados com anos pré-pandêmicos. 

Durante a pandemia, os hospitais tiveram uma média de 41 novos casos de anorexia por mês – acima dos cerca de 25 em tempos pré-pandêmicos. Além disso, mais crianças com diagnóstico recente acabavam sendo internadas: havia 20 hospitalizações por mês em 2020 contra cerca de oito nos anos anteriores.

Os pesquisadores acreditam que as principais interrupções nas rotinas normais dos jovens provavelmente contribuíram para o aumento dos transtornos alimentares, além de muitos já estarem lidando com problemas de imagem corporal antes da imposição do isolamento social.

Ainda segundo os autores, distúrbios alimentares demoram para “despertar” e para as pessoas buscarem ajuda e muitas crianças que estão começando o tratamento dizem que a pandemia foi um “gatilho” para elas.

Isso significa que os pais têm tempo para perceber os primeiros sinais de alerta, como uma criança se tornando "rígida" quanto às escolhas alimentares, exercícios ou preocupada demais com o seu peso.

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