Redação Publicado em 22/09/2021, às 12h00
Além de afetar como uma pessoa se sente mentalmente, a ansiedade também pode ter efeitos físicos. Uma manifestação física comum de ansiedade é a dor de estômago, incluindo diarreia ou fezes moles. E nestes dias de quarentena, distanciamento físico, Covid-19 e incertezas, a ansiedade pode bater forte.
Algumas pessoas acreditam que o modo como alguém se sente pode influenciar a maneira como o estômago e o intestino se comportam, potencialmente causando sintomas que incluem diarreia. Às vezes, a diarreia é uma condição crônica para uma pessoa. Em outros casos, é uma resposta aguda à ansiedade profunda, o que significa que ocorre uma vez ou por um tempo limitado.
Quando uma pessoa está ansiosa, o corpo libera hormônios e substâncias químicas que podem levar à diarreia. Existe uma conexão entre o intestino e o cérebro chamado “eixo intestino-cérebro”. Essa rede bidirecional entre o cérebro de uma pessoa e a microbiota intestinal permite que o cérebro afete o movimento intestinal.
De acordo com a ADAA (Associação de Ansiedade e Depressão da América), quando uma pessoa está ansiosa, o corpo libera hormônios e produtos químicos. Estes podem entrar no trato digestivo e perturbar a flora intestinal, o que pode resultar em um desequilíbrio químico que leva à diarreia.
Um estudo envolvendo pessoas com a Síndrome do Intestino Irritável com diarreia (SII-D) constatou que os participantes que também tinham ansiedade possuiam níveis mais altos de certos compostos inflamatórios no corpo do que aqueles que não tinham.
Especificamente, os pesquisadores descobriram que aqueles com ansiedade tinham níveis mais altos de um composto chamado interleucina-1 beta. Esse composto pode alterar a barreira protetora do intestino, o que pode causar dor e afetar a capacidade do intestino de absorver água e sódio. A diarreia pode ser o resultado desses efeitos.
Outra explicação possível para a ansiedade e seus efeitos na diarreia é que a primeira altera a maneira como o cérebro processa as informações dos nervos viscerais (aqueles presentes no estômago e no intestino). Segundo um artigo do The Lancet, a ansiedade pode fazer com que o cérebro processe mensagens do estômago indicando dor ou que o movimento intestinal precisa acelerar.
O resultado pode ser uma disfunção gastrointestinal que faz com que o estômago e os intestinos pareçam estar agitados. Essa disfunção faz com que os alimentos digeridos se movam ao longo do trato intestinal mais rapidamente, resultando em diarreia.
A SII-D (síndrome do intestino irritável com diarreia) é uma condição que pode fazer com que uma pessoa experimente os seguintes sintomas rotineiramente:
Embora muitos médicos não acreditem que a ansiedade seja uma causa direta da SII-D, ela pode piorar os sintomas de uma pessoa. Estima-se que 75% das pessoas com SII experimentam ansiedade e depressão. A diarreia crônica não afeta apenas os nutrientes que o corpo de uma pessoa absorve dos alimentos, mas também pode levar à desidratação e à fadiga.
Ter SII-D também pode piorar a ansiedade de uma pessoa. Elas podem começar a temer que tenham um episódio de diarreia em público. Essa preocupação pode fazer com que mudem de comportamento e se sintam ansiosas.
Se a ansiedade é a causa subjacente da diarreia, minimizar a ansiedade pode ajudar a reduzir os sintomas.
Exemplos de tratamentos e remédios que podem ajudar
- Evitar alimentos que podem contribuir para a dor de estômago: uma pessoa deve evitar cafeína, alimentos condimentados e que contenham lactose.
- Psicoterapia: pode ajudar uma pessoa a identificar a ansiedade e aprender técnicas para gerenciar e reduzi-la. Os terapeutas podem usar abordagens como atenção plena e terapia cognitivo-comportamental (TCC).
- Saúde complementar: técnicas de alívio do estresse e relaxamento podem ajudar a pessoa a se sentir melhor. Exemplos incluem meditação, yoga, tai chi e acupuntura. A hipnoterapia pode ajudar a reduzir os sintomas de dor de estômago, inchaço e dor de estômago em pacientes com SII, de acordo com um artigo da revista Clinical and Translational Gastroenterology.
De acordo com a ADAA, uma pessoa pode reduzir a ansiedade e o estresse fazendo pausas curtas para respirar profundamente por um minuto de cada vez ao longo do dia. Ela deve respirar lentamente pelo nariz e deixar a região do estômago inflar. Enquanto expira, deve deixar essa região esvaziar. Com o tempo, uma pessoa pode observar uma redução em seus sintomas.
Os médicos também podem prescrever medicamentos para tratar a diarreia. Exemplos desses medicamentos incluem:
- Antidiarreicos: medicamentos como loperamida podem ajudar a reduzir a incidência de diarreia.
- Antiespasmódicos: esses medicamentos reduzem a frequência de contrações nos músculos o intestino. Como resultado, as fezes não se movem pelo intestino tão rapidamente.
- Sequestrantes de ácidos biliares: esses medicamentos podem se ligar à bile extra no intestino, que, de outra forma, pode levar à diarreia.
- Suplementos: vendidos sem receita, como fibras ou probióticos, também podem ajudar.
Porém, a pessoa deve sempre falar com o médico antes de começar a tomar esses medicamentos. Ele pode garantir que o produto não interfira com outros medicamentos que a pessoa possa estar tomando ou afete quaisquer condições de saúde subjacentes.
Uma pessoa deve consultar um médico se tiver diarreia por 2 a 4 semanas sem que uma doença subjacente (como uma infecção bacteriana ou viral) a cause.
Outros sintomas que indicam que uma pessoa pode precisar consultar um médico incluem:
Um médico pode realizar testes para determinar a causa subjacente da diarreia crônica. Além da SII-D, a doença inflamatória intestinal e a doença celíaca são possíveis causas subjacentes.
Fonte: Medical News Today
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