Jairo Bouer Publicado em 08/11/2019, às 22h37
Quando pensam em sexo, as pessoas ficam mais propensas a mentir, ou melhor, dar uma adaptada na verdade para fazer com que os parceiros em potencial pensem nelas de maneira favorável. Quem afirma são pesquisadores da Universidade de Rochester, nos EUA, e do Centro Herzliya, em Israel.
A equipe, coordenada pelos professores Gurit Birnbaum e Harry Reis, conduziu quatro conjuntos de experimentos com diferentes grupos de heterossexuais de ambos os sexos, com idades entre 21 e 32 anos. O objetivo era avaliar se o botão da sinceridade é desligado quando a cabeça está “naquilo”. Os resultados foram publicados no Journal of Experimental Social Psychology.
Em todos os experimentos, os voluntários foram divididos em dois grupos. Um deles passava por uma espécie de “preparação”: os participantes eram estimulados a pensar em sexo, não necessariamente de forma explícita. O outro grupo não, para funcionar como controle no estudo.
Na primeira bateria de testes, 54 homens e 54 mulheres tiveram que resolver um dilema enfrentado por um personagem fictício. Os participantes foram pareados, e cada um teve que defender um ponto de vista diferente para o parceiro do sexo oposto. Quem havia sido exposto a estímulos sexuais antes da tarefa foi mais propenso a ceder e concordar com o argumento do par.
O segundo experimento contou com 59 mulheres e 61 homens, que preencheram a um questionário sobre preferências relacionadas a sexo, namoro e “ficadas”. Algumas perguntas abordavam detalhes como gostar ou não de ficar abraçado depois de transar, ou rejeitar um namorado por ser bagunçado, por exemplo.
Depois de contar seus segredos, os participantes foram expostos a estímulos subliminares – imagens que aparecem tão rápido na tela que a pessoa não tem consciência do que viu. Para metade, as imagens lançadas foram neutras. Para a outra parte, tinham a ver com sexo.
Por fim, todos foram colocados num bate papo on-line com alguém do sexo oposto e, novamente, teve de preencher um questionário sobre suas preferências. O que aconteceu? Quem havia recebido estímulos sexuais alterou suas respostas para tentar aproximá-las das características do parceiro de conversa. Segundo os pesquisadores, a tendência era demonstrar aquelas qualidades que fazem de qualquer pessoa um bom partido.
Os dois últimos experimentos envolveram 66 mulheres e 65 homens, e 149 mulheres e 126 homens, respectivamente. A missão, em ambos os casos, era descobrir se a “preparação” levaria as pessoas a mentir sobre o número de parceiros sexuais. A resposta, como você já deve imaginar, foi “sim”. Diminuir bastante o total de aventuras vividas foi algo frequente entre os voluntários “preparados” e que foram colocados para conversar com alguém que consideravam atraente.
Não dá para culpar ninguém pela falta de honestidade porque, de acordo com os pesquisadores, todo esse processo é inconsciente. Uma mentirinha aqui e outra ali podem não ser tão condenáveis, mas fica aqui uma sugestão: não aposte todas as suas fichas em alguém antes de conhecer a pessoa um pouco melhor.