Durante atividades físicas intensas, a mente se torna extremamente focada nas sensações físicas
Fausto Fagioli Fonseca Publicado em 28/04/2025, às 09h00
Você já teve a sensação de que o treino na academia durou uma eternidade, mesmo olhando no relógio e percebendo que se passaram apenas alguns minutos?
Um novo estudo publicado na revista Brain and Behaviour revela que essa impressão não é apenas psicológica: atividades físicas intensas realmente alteram a forma como o cérebro percebe o tempo.
Pesquisadores britânicos descobriram que, durante exercícios exigentes, o tempo parece se arrastar — o que pode impactar tanto o desempenho quanto a motivação para treinar.
O estudo foi conduzido por Andrew Edwards, professor de psicologia da Universidade Canterbury Christ Church, no Reino Unido. Para analisar o fenômeno, 33 adultos fisicamente ativos participaram de três testes de ciclismo em bicicletas ergométricas, pedalando 4 km em cada sessão.
Durante o experimento, os participantes foram convidados a estimar o tempo de 30 segundos em três momentos: antes, durante e depois do exercício. O resultado foi revelador: enquanto se exercitavam, os participantes superestimaram o tempo em aproximadamente 10%. Essa diferença significativa aponta que a prática intensa faz o cérebro perceber o tempo como mais lento.
Para avaliar se fatores externos poderiam influenciar essa percepção, os cientistas criaram três condições: uma pedalada individual, outra ao lado de um avatar virtual e uma terceira incentivando a superar o avatar.
Surpreendentemente, a distorção do tempo foi semelhante em todos os cenários. A presença de um oponente virtual, a competição ou o contexto visual não alteraram o efeito: o que realmente fez o tempo "se arrastar" foi o próprio nível de intensidade do exercício.
Segundo Andrew Edwards, o que acontece é uma amplificação da consciência corporal. Durante atividades físicas intensas, a mente se torna extremamente focada nas sensações físicas, como o desconforto e a fadiga muscular. Isso faz com que cada momento pareça mais demorado.
Se o tempo durante o exercício parece se arrastar, a boa notícia é que há estratégias para minimizar essa sensação. Distrações positivas, como ouvir música, treinar em grupo ou praticar esportes mais dinâmicos, ajudam a reduzir o foco excessivo no desconforto.
Em um estudo complementar, Edwards observou que jogadores de futebol relataram a sensação de que o tempo passava mais rápido em treinos com bola do que em sessões apenas de corrida ou análise tática. Isso mostra que o prazer e o engajamento durante a atividade física podem mudar nossa percepção do tempo.
Em resumo, o estudo revela que a percepção do tempo durante exercícios intensos pode ser distorcida, fazendo com que as pessoas sintam que o treino dura mais do que realmente dura. Essa distorção do tempo parece estar ligada à intensidade do exercício, com o corpo se tornando mais consciente do desconforto e da dor.
O estudo, inclusive, foi comparado à teoria da relatividade de Einstein, mostrando como a percepção do tempo pode ser relativa, dependendo do contexto e do esforço. “Exercícios repetitivos ou pouco prazerosos podem aumentar esse efeito de desaceleração do tempo, enquanto distrações ou prazer podem reduzi-lo", resumiou Edwards.
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