Estudos indicam que pacientes tiveram mais de 13 episódios de micção a cada 24 horas
Tatiana Pronin Publicado em 05/04/2021, às 18h52
Febre, tosse, falta de ar, cansaço, dores, diarreia, vômitos e perda de olfato têm sido sintomas relatados por muita gente infectada pelo Sars-Cov-2. Mas um artigo recente publicado em um dos principais periódicos científicos de urologia, o European Urology, alertou para um sintoma que, embora não seja tão frequente, não deve ser negligenciado: o aumento da frequência urinária.
Conforme os pesquisadores desvendam os impactos do agente causador da Covid-19 no organismo, é possível perceber que o sistema respiratório não é o único conjunto de órgãos e estruturas afetados pelo coronavírus. “O Sars-Cov-2 acomete os rins, causando principalmente lesão tubular com proteinúria [presença de proteínas na urina], mas também pode causar sintomas no trato urinário inferior”, explica o urologista Alexandre Danilovic, do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
O aumento da frequência urinária observado nos pacientes foi da ordem de mais de 13 episódios de micção a cada 24 horas e mais de quatro episódios de micção noturna. “Isso é causado pelo aumento de citoquinas, ou seja, substâncias inflamatórias na urina”, diz Danilovic. A condição recebeu o nome de “Cistite Associada à Covid” (cistite é o nome que se dá à infecção na bexiga).
Outro estudo, publicado este ano no Journal of Medical Virology, apontou a existência de outros sintomas além da cistite, como hematúria (presença de sangue na urina) e retenção urinária (dificuldade de fazer xixi ou de esvaziar completamente a bexiga). E, entre homens, prostatismo (aumento da próstata), acometimento escrotal e piora de qualidade do esperma.
Além de prejuízos na função dos espermatozoides, homens infectados pelo coronavírus também podem apresentar uma redução nos níveis de testosterona, de acordo com estudos coordenados pelo urologista Jorge Hallak, professor e pesquisador da FMUSP. Isso foi observado inclusive em casos leves de Covid-19.
Como as descobertas são recentes, ainda não é possível saber quanto tempo leva para que a função testicular seja restabelecida após o paciente se curar da Covid-19. Mas é importante que médicos e pacientes estejam atentos, e que não busquem medidas como a reposição hormonal, que pode agravar ainda mais o quadro.
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