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Bactérias orais são ligadas à hipertensão em mulheres mais velhas

A hipertensão está diretamente ligada a mais de 8,5 milhões de mortes em todo o mundo anualmente - iStock
A hipertensão está diretamente ligada a mais de 8,5 milhões de mortes em todo o mundo anualmente - iStock

Redação Publicado em 02/03/2022, às 16h30

Algumas bactérias orais foram associadas ao desenvolvimento da hipertensão arterial – popularmente conhecida como pressão alta – em mulheres pós-menopausa, de acordo com uma nova pesquisa publicada no Journal of the American Heart Association (JAHA).

Vale lembrar que a pressão alta é tipicamente definida por duas medidas: sistólica, de 140 mm Hg ou superior, e diastólica, quando o número que indica a pressão entre os batimentos cardíacos é de 90 mm Hg ou superior. 

Segundo os pesquisadores, uma vez que estudos já apontaram uma relação entre a doença periodontal (doenças que afetam a gengiva) e a hipertensão, uma associação entre as bactérias orais e o risco de pressão alta também pode ser estabelecida.

Para eles, a descoberta cria uma oportunidade de melhorar a prevenção da hipertensão através do aumento dos cuidados bucais direcionados.  

Hipertensão no mundo

Em 2021, um estudo financiado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e publicado no The Lancet mostrou que, nas últimas três décadas, o número de adultos (de 30 a 79 anos) vivendo com hipertensão no mundo dobrou, passando de 331 milhões de mulheres e 317 milhões de homens em 1990 para 626 milhões de mulheres e 652 milhões de homens em 2019. A maior parte desse aumento ocorre em países de baixa e média renda. 

Segundo os pesquisadores, apesar de a hipertensão ser simples de diagnosticar e relativamente fácil de tratar com medicamentos, 41% das mulheres e 51% dos homens com hipertensão no mundo em 2019 não tinham conhecimento da sua condição. E mais: 53% das mulheres e 62% dos homens com hipertensão não aderiram ao tratamento.  

Vale lembrar que a hipertensão está diretamente ligada a mais de 8,5 milhões de mortes no mundo anualmente, sendo o principal fator de risco para acidente vascular cerebral (AVC), doenças cardíacas isquêmicas e outros tipos doenças vasculares e renais.

De acordo com um estudo anterior, também divulgado pelo The Lancet, a redução da pressão arterialpode diminuir o número de derrames em 35% a 40%, ataques cardíacos em 20% a 25% e insuficiência cardíaca em cerca de 50%. 

Saúde bucal vs. hipertensão

Foram avaliadas 1.215 mulheres na pós-menopausa, com idade média de 63 anos. No momento da inscrição, os pesquisadores registraram a pressão arterial e coletaram a placa oral abaixo da linha da gengiva, onde algumas bactérias mantêm as estruturas saudáveis enquanto outras podem provocar a doença periodontal.

Além disso, o uso de medicamentos, os históricos médicos e o estilo de vida também foram levados em conta para analisar se havia alguma ligação entre as bactérias orais e a hipertensão entre mulheres mais velhas

Confira:

No início, 35% das participantes apresentaram pressão arterial normal (abaixo de 120/80 mm Hg e sem uso de medicação); cerca de 24% tinham hipertensão (acima de 120/80 mm Hg e sem uso de medicação) e 40% tinham e tratavam a condição. 

Quase um terço das mulheres que, no começo da pesquisa, não tinham hipertensão ou não estavam sendo tratadas foram diagnosticadas com pressão alta durante o período de seguimento (uma média de 10 anos). 

10% a 16% mais chances de ter pressão alta

No estudo, foram identificadas 245 cepas únicas de bactérias nas amostras de placa, sendo que: 

  • 10 bactérias foram associadas a um risco de 10% a 16% maior de desenvolver pressão alta
  • Cinco outros tipos foram relacionados a um risco de hipertensão de 9% a 18% menor.

Esses resultados foram consistentes mesmo após considerar fatores demográficos, clínicos e de estilo de vida (como idade mais avançada, tratamento para colesterol alto, ingestão alimentar e tabagismo), que também influenciam o desenvolvimento da pressão alta.

Foram analisadas ainda outras associações potenciais entre subgrupos: comparando mulheres menores de 65 anos com aquelas com mais de 65 anos; fumantes versus não fumantes; aquelas com pressão arterial normal versus elevada no início do estudo, entre outras comparações. Os resultados permaneceram consistentes.

Na opinisão dos pesquisadores, os achados são particularmente relevantes para as mulheres na pós-menopausa, uma vez que a prevalência de pressão alta é maior entre as mulheres mais velhas do que os homens da mesma faixa etária.

Segundo eles, também vale ressaltar que a saúde é influenciada por mais do que apenas os fatores de risco tradicionais que julgamos serem os mais importantes, como a falta de exercício regular ou uma má alimentação. A saúde bucal parece ter um papel relevante em várias outras questões, como a hipertensão.

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