Jairo Bouer Publicado em 20/01/2020, às 17h46
Norte-americanos que abusam da bebida têm consumido cada vez mais álcool, segundo uma pesquisa divulgada semana passada pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos EUA.
O levantamento se concentrou no chamado Beber Pesado Episódico (BPE), ou beber em “binge”, hábito que consiste em consumir mais de quatro (para mulheres) ou cinco (para homens) doses de álcool em pouco tempo. Entornar cinco latinhas de cerveja, taças de vinho ou copos pequenos de destilado numa única ocasião pode trazer consequências graves a curto, médio e longo prazos. Mas muita gente acredita que está seguro porque só faz isso de vez em quando, o que é um enorme equívoco.
O BPE tem preocupado cada vez mais profissionais de saúde, porque é frequente entre os jovens. Ainda que ocorra apenas uma vez por semana, ou mesmo uma vez por mês, exagerar na quantidade de álcool pode resultar em violência, problemas de memória e, com o tempo, aumenta muito o risco de dependência, cirrose, vários tipos de câncer, infartos e derrames.
O novo estudo do CDC é uma análise dos dados obtidos pelo sistema de vigilância de fatores de risco comportamentais entre os anos de 2011 e 2017. Nesse período, as taxas de BPE, o que lá é chamado de “binge drinking”, tiveram uma redução discreta de 18,9% da população adulta para 18%.
Por outro lado, o número de drinques consumidos pelas pessoas que bebem pesado aumentou de 472 para 529, ou seja, 12%. Isso significa que, embora a proporção de abusadores tenha se estabilizado, quem exagera está bebendo cada vez mais, e se expondo a muito mais riscos.
De acordo com a pesquisa, homens que bebem em binge consumiram cerca de 666 doses de álcool durante esses episódios de abuso, em 2017, sendo que em 2011 foram 587 doses. Para as mulheres, o número aumentou de 256 para 290.
O crescimento foi impulsionado principalmente por adultos de 35 anos ou mais. A boa notícia é que o número de drinques consumidos pela população de de 18 a 24 anos de idade diminuiu de 619 para 545 no período de seis anos.
Essa redução entre os mais jovens, que pode ter sido estimulada por programas de prevenção, deve ter um impacto positivo no futuro. Mas isso não é garantido: com o passar do tempo, as pessoas tendem a precisar de quantidades cada vez maiores de bebida para obter os mesmos efeitos.
É bom que a gente dê atenção para o assunto, aqui no Brasil. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgados pelo Cisa (Centro de Informações sobre Saúde e Álcool), indicam um aumento de 12,7% para 19,4% no Beber Pesado Episódio na população brasileira de 2010 para 2016. Isso apesar de uma tendência de queda em todo o mundo (de 20,5% para 18,2%) no mesmo período.
Do blog do Jairo no UOL