Para certos casais, que compartilham os mesmos valores, ter um relacionamento aberto é algo que faz sentido. Mas sem a consensualidade e uma boa
Jairo Bouer Publicado em 04/11/2019, às 20h27 - Atualizado às 20h32
Para certos casais, que compartilham os mesmos valores, ter um relacionamento aberto é algo que faz sentido. Mas sem a consensualidade e uma boa comunicação entre os parceiros, é muito difícil dar certo. Segundo um estudo publicado no Journal of Sex Research, o sucesso das relações não monogâmicas depende do quanto cada um conhece as intenções do outro e se sente confortável com isso.
Para chegar à conclusão, pesquisadores da Universidade de Rochester, nos EUA, analisaram questionários preenchidos por 1700 pessoas anonimamente. Dois terços desse total tinham entre 20 e 39 anos de idade, e quase 80% eram brancos. A maioria estava em relacionamentos longos, de mais ou menos 4,5 anos, quando responderam às questões.
O estudo examinou três aspectos dos relacionamentos, como consentimento mútuo, comunicação e conforto com a situação. Com base nesses resultados, eles dividiram os participantes em cinco categorias:
(1) Relações monogâmicas recentes;
(2) Relações monogâmicas antigas;
(3) Relações consensuais não monogâmicas (CNM) – os parceiros tinham interesse em ter relações com outras pessoas, concordavam e estavam confortáveis com a ideia de o parceiro ou a parceira fazerem o mesmo;
(4) Relações parcialmente abertas – cada parte apresentava diferentes níveis de conforto, consentimento e comunicação, e o desejo pela monogamia era compartilhado de maneira não uniforme por ambos;
(5) Relações não monogâmicas unilaterais – apenas um parceiro se envolvia ativamente em sexo fora do relacionamento, sem contar para o outro, e os níveis de conforto e consentimento também eram baixos.
Os grupos monogâmicos (1 e 2), bem como o grupo 3 (de relações não monogâmicas consensuais, ou CNM), foram os que se saíram melhor em termos de satisfação com o relacionamento. Os participantes dessas categorias também apresentaram menos sentimentos de angústia e solidão.
Os pesquisadores perceberam o que todo mundo já imagina em relação aos grupos 4 e 5: manter segredo em relação aos outros relacionamentos pode facilmente se transformar em algo tóxico, por gerar insegurança, sentimentos de rejeição e ciúme.
Quanto à longevidade, o grupo 3 foi o que ficou com a melhor nota – esses casais permaneceram juntos por mais tempo que os monogâmicos. Aqui, a análise parece apontar uma vantagem de se abrir a relação, desde que haja transparência, conforto com a ideia e total acordo entre as partes.
Os indivíduos do grupo CNM também foram mais propensos a ser heteroflexíveis, o que significa que estavam mais abertos a ter relações com pessoas do mesmo sexo.
Mas os pesquisadores também notaram algumas desvantagens importantes dos relacionamentos não monogâmicos consensuais: os indivíduos dessa categoria apresentaram maior busca por novos parceiros e maior necessidade de experimentar novas sensações durante o sexo, além de taxas mais altas de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
Como esperado, o grupo da monogamia unilateral foi o que teve os piores resultados: 60% dos integrantes disseram não estar satisfeitos com a relação, o que representa quase o triplo do relatado nos grupos monogâmicos ou no CNM.
Os casais em que apenas um dos parceiros era fiel eram mais propensos a ser jovens, e tinham menores níveis de apego e afeto entre as partes. A satisfação sexual desse grupo ainda foi baixa, enquanto a tendência a transar com novos parceiros sem preservativo foi alta.
Dizer qual tipo de relacionamento é o melhor não foi a intenção dos pesquisadores, mas está claro que mentir ou omitir não faz bem a ninguém. Qualquer que seja a sua decisão, é preciso que o outro esteja informado e de acordo, e que todo mundo use camisinha sempre.