Corpos fora do padrão de beleza estabelecido pela sociedade ainda são alvo de preconceito e bullying
Redação Publicado em 19/05/2021, às 16h00
Body shaming é uma expressão em inglês que, em tradução livre, significa “envergonhar o corpo”. É um tipo de atuação social que envolve atos de ridicularização de corpos alheios e da aparência física de uma pessoa.
O body shaming pode se manifestar de diferentes formas, como por meio de:
Tais atos fazem com que a pessoa que recebe as ofensas se sinta envergonhada pelo corpo que tem. “Essa vergonha do corpo tem a ver com o julgamento do outro: normalmente a pessoa que passa por uma situação de body shaming já tem uma questão com a sua imagem corporal, com a sua autoestima, e isso acaba sendo reforçado por preconceitos, insultos, bullying”, explica Jairo Bouer.
Como consequência, a pessoa ofendida pode ter a sua noção de imagem corporal ainda mais relacionada a limites rígidos da sociedade sobre o que é um “corpo bonito” e um “corpo feio”. “Por conta do body shaming, muitas pessoas entram em processos absurdos de perda de peso, cirurgias desproporcionais e em quadros de saúde mental, como ansiedade e depressão”, completa Jairo.
São vários os impactos físicos e mentais que as pessoas que passam pelo body shaming podem desenvolver. Fisicamente, a pessoa pode buscar formas de mudar o corpo que nem sempre são saudáveis ou necessárias, passando por cirurgias estéticas visando alterar a parte do corpo que lhe causa vergonha.
Como decorrência, podem surgir também impactos psicológicos: ao se ver lutando contra o próprio corpo, insatisfeita, a pessoa pode enfrentar quadros de depressão, ansiedade, isolamento social e desenvolver diferentes tipos de fobias.
“Claro que existe o limite da saúde e determinadas situações podem levar a maiores riscos. É natural buscar melhorar os impactos que algumas características corporais podem ter. Isso não significa, porém, que todo mundo tem que ser magro ou esbelto. A diferença existe e é importante que ela seja valorizada”, complementa Jairo.
Estudos, inclusive, têm notado uma correlação significativa entre sentir vergonha do próprio corpo e o desenvolvimento de depressão, ansiedade e distúrbios alimentares. Uma pesquisa recente publicada no Journal of Epidemiology & Community Health constatou que adolescentes insatisfeitos com seus corpos tendem a sofrer de depressão quando adultos. De acordo com a pesquisa, mais de 27% das meninas e 14% dos meninos estavam insatisfeitos com a sua imagem.
Na era das redes sociais, o body shaming tem causado impactos também no ambiente virtual. São comuns os comentários pejorativos em fotos e ofensas por chat - inclusive envolvendo celebridades, como Ariana Grande, Demi Lovato, Jennifer Lawrence e Kéfera Buchmann.
No sentido contrário do body shaming há o movimento body positivity - ou “positividade corporal” - que tem como objetivo promover a autoaceitação do corpo. O movimento luta contra todas as formas de discriminação dos corpos considerados “fora do padrão” e de características físicas, como nariz grande, cicatrizes, rugas, celulites e deficiências.
“Tudo passa, também, pelo trabalho de educação na escola e em casa para que as pessoas lidem melhor com a aparência delas. Devemos questionar esse padrão único de beleza universal perpetuado pela sociedade, educar para a diferença e explicar que as pessoas e os seus corpos são diferentes - e isso não quer dizer que um corpo é pior que outro”, finaliza Jairo Bouer.
Para quem se vê em uma situação de dificuldade para lidar com o próprio corpo, além do trabalho individual de entender e questionar os padrões de beleza sociais, buscar por ajuda psicoterápica também é essencial.
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