Seu cabelo é seco ou está ressecado? Essas duas condições são diferentes e podem, inclusive, andar juntas num mesmo cabelo.
Eu vou te explicar: de modo geral, o cabelo seco é uma condição natural, assim como cabelos oleosos. Essa condição está diretamente relacionada à produção da glândula sebácea presente no couro e como esse sebo se distribui pelos fios. Por exemplo, nos fios lisos, a oleosidade tente a migrar mais para as pontas, deixando o cabelo como um todo “mais oleoso”. Já nos fios encaracolados, a oleosidade fica mais retida no couro e “escorre” menos pelos fios, uma vez que o trajeto em espiral dificulta a chegada do óleo até as pontas. Por esse motivo, os cabelos encaracolados tendem a ser mais secos nas pontas.
Outro fator que interfere na distribuição do sebo pelos cabelos é a quantidade de fios: quanto mais cabelo por unidade folicular, melhor a distribuição da oleosidade, quando menos cabelo, mais ela se concentra nos poucos fios, deixando-os com aspecto oleoso. Isso explica, em partes, porque as pessoas que sofrem com a calvície aparentam o couro cabeludo e cabelos mais oleosos.
Já o cabelo ressecado é uma consequência da ação de agentes externos e internos, independente da produção da glândula sebácea, do tipo de fio e da quantidade de cabelos. Entram na lista: chapinha, secador, babyliss, descolorantes, alisantes, piscina, praia, vento, contato com suor, exposição solar, poluição, má alimentação, baixa ingestão de água e até tabagismo.
Independente da causa, se seco ou ressecado, o fio nessas condições costuma ficar com as cutículas abertas, conferindo ao cabelo aspecto opaco, com frizz e quebradiço.
Para entender como os tratamentos funcionam, vamos ver como ficam os fios nessa situação: as cutículas são escamas unidas por uma “gordura boa”, como se fosse o telhado da casa, que envolvem e protegem o fio desses agentes externos diversos. A integridade das cutículas permite uma melhor retenção de água, o que mantém o cabelo macio e maleável, evitando o frizz e as pontas duplas. Quando a proteção se desintegra, ou seja, quando as cutículas “se abrem”, o fio desidrata, torna-se mais opaco e quebradiço. E aí entram os tratamentos, que somados, receberam o nome de cronograma capilar.
O cronograma nada mais é do que a ordem, frequência e quantidade de tratamentos, indicados de maneira individualizada para cada tipo de cabelo.
De maneira geral, uma boa estratégia para tratar os cabelos secos é a umectação à base de óleos vegetais. Basta lembrar que a raiz do cabelo seco produz menos oleosidade ou, se produz, ele não consegue chegar até as pontas. Então, a umectação entrega esse óleo de maneira otimizada.
Já para tratar cabelos ressecados é preciso ir além. Vale unir a hidratação com a umectação e, no caso de cabelos descoloridos e alisados, reconstrução. Enquanto a hidratação vai repor a água, a umectação repõe a gordurinha boa que une as cutículas. Já a reconstrução ajuda na perda da massa, especialmente pelo uso de descolorantes.
Os três procedimentos funcionam como uma maquiagem para os fios, melhoram a reflexão da luz, conferindo aspecto brilhoso, devolvem maleabilidade e maciez, diminuem o frizz por deixarem as cutículas mais alinhadas.
Mas, como sabemos, o fio do cabelo é uma estrutura “morta” que não se regenera, portanto, esses tratamentos para os fios devem ser repetidos com frequência, de acordo com a necessidade individual.
*Dra. Jaqueline Zmijevski é dermatologista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), pós-graduada em Medicina Estética e Fellow em Tricologia pela Associação Médica Brasileira (AMB). A médica também é membro da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia e da Associação Brasileira de Medicina Estética. Instagram: @dermato.jaqueline
Jaqueline Zmijevski
Dermatologista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), pós-graduada em Medicina Estética e fellow em Tricologia pela Associação Médica Brasileira (AMB). A médica também é membro da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia e da Associação Brasileira de Medicina Estética. Instagram: @dermato.jaqueline