Jairo Bouer Publicado em 06/11/2020, às 18h45 - Atualizado às 18h55
Carga mental é um assunto muito sério para as mulheres. Mas nada melhor que o humor para mobilizar a atenção dos homens e convidá-los a ajudar com as tarefas domésticas. Esse é o objetivo de um vídeo divertidíssimo que viralizou esta semana na Argentina: Los Ayudadores (“Os ajudantes”).
“Se você não me diz, eu não tenho como saber. Não sou adivinho!”, diz um dos personagens para a mulher que carrega um cesto de roupas lotado. “Por que está fazendo tudo isso sozinha?”, diz outro, até com um sorrisinho no rosto, para irritação da mulher.
Com pouco mais de um minuto, o roteiro traz situações que, infelizmente, são típicas: mulheres que reclamam do excesso de tarefas, enquanto os homens, tranquilos, explicam que não tinham como saber que elas precisavam de ajuda. Será que é preciso explicar que o jantar só vai sair se tiver comida na geladeira, ou que as pessoas só vão ter roupa para vestir se alguém lavar?
“Os ajudadores” são, como narra o vídeo, “um grupo de homens com habilidades distintas, e que não tomam nenhum tipo de decisão ou ação proativa nas tarefas domésticas ou de cuidado. Eles podem ser encontrados na sua família, no trabalho e grupo de amigos”. Lição de moral para os anti-heróis retratados no vídeo: não basta ser “um ajudante”. Muito menos esperar que a mulher peça ajuda.
A campanha #YoMeOcupo (frase que pode ser traduzida como “Eu cuido disso”, ou “Deixa que eu faço isso”) é parte da Iniciativa Spotlight – uma aliança entre a União Europeia e a Organização das Nações Unidas para combater todas as formas de violência contra a mulher.
A sobrecarga a que as mulheres são submetidas foi uma das inúmeras desigualdades escancaradas pela atual pandemia. Elas sempre acumularam mais funções do que os homens, mas, com todo mundo em casa, elas foram ainda mais prejudicadas. Além de trabalharem remotamente, a maioria delas ficou com as demandas adicionais, como acompanhar o ensino online dos filhos, cozinhar e limpar ainda mais, além de dar suporte especial e ajudar nos cuidados com os parentes mais velhos, mais vulneráveis às complicações da Covid-19.
Além do excesso de trabalho braçal, ainda existe toda a carga mental, ou seja, as responsabilidades e preocupações que também demandam energia, como oferecer apoio psicológico à família, organizar a agenda de todo mundo, pensar no material que precisa ser providenciado e assim por diante. São trabalhos muitas vezes invisíveis, que tomam um grande espaço da vida das mulheres. Esse é um dos motivos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), pelos quais transtornos como ansiedade e depressão são duas vezes mais comuns entre elas.
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