Redação Publicado em 16/02/2022, às 10h00
Apesar de parecer assustador, o câncer do colo do útero é uma das formas de câncer mais evitáveis. A Organização Mundial da Saúde estima que 99% dos casos de câncer do colo do útero são causados por certos tipos de papilomavírus humano (HPV) – tipos que são amplamente evitáveis por vacina. E os métodos de detecção precoce são altamente eficazes na detecção de alterações pré-cancerosas no colo do útero antes que se tornem mais graves.
No entanto, isso não significa que o risco de câncer do colo do útero desapareceu. A American Cancer Society (ACS) estima que, nos EUA, cerca de 14.100 pessoas serão diagnosticadas com câncer do colo do útero em 2022, e cerca de 4.280 pessoas morrerão da doença.
O câncer do colo do útero se desenvolve quando as células do colo do útero, que é a parte inferior do útero, sofrem mutação. Novamente, quase todos os casos de câncer do colo do útero são causados por uma infecção pelo HPV, que é a infecção sexualmente transmissível (IST) mais comum; quase 42 milhões de americanos têm o vírus. Na maioria das vezes, o vírus desaparece sozinho em dois anos, sem problemas de saúde. No entanto, certos tipos de HPV podem levar ao câncer do colo do útero (bem como câncer de boca, garganta, ânus e pênis).
Esse é o quarto câncer mais comum em mulheres em todo o mundo. Ele costumava ser a principal causa de morte por câncer para mulheres nos EUA, mas os exames de rotina diminuíram drasticamente seus números nos EUA nos últimos 40 anos.
A ACS relata que a taxa de sobrevida global em cinco anos do câncer do colo do útero é de 66%. Esse número salta para 92% quando o câncer é detectado nos estágios iniciais e mais tratáveis. O tratamento torna-se mais complicado quando o câncer está mais avançado. Dependendo de quão avançada é a doença, a pessoa pode precisar de cirurgia, radioterapia, quimioterapia, imunoterapia ou uma combinação de tratamentos.
O câncer do colo do útero é fácil de detectar por meio de testes, mesmo nos estágios iniciais. O médico pode coletar uma amostra de células do colo do útero por meio do exame Papanicolau, e enviá-las para um laboratório para análise. O exame pode até identificar pré-câncer, ou seja, alterações celulares no colo do útero que podem se tornar câncer do colo do útero se não forem tratadas adequadamente.
E é por isso que é tão necessário fazer os exames ginecológicos com regularidade, pois diagnosticar esse câncer por conta própria é muito mais complicado. Como não há auto-exame para verificar a doença, o câncer no colo do útero se desenvolve lenta e silenciosamente e, sem testes de rotina, você pode não ter ideia do que está acontecendo com seu corpo. Os sintomas só aparecem quando a doença está bastante avançada.
Em seus estágios iniciais, o câncer do colo do útero geralmente não apresenta sintomas.
Costumava ser uma paciente que vinha com sangramento incomum, e esse seria o primeiro sinal de que algo estava errado", disse Leah Torres, ginecologista e diretora médica do West Alabama Women's Center, à Health.
Torres diz que raramente atende pacientes com câncer cervical sintomático. É mais provável que ela descubra o câncer quando um paciente vem para um exame de rotina e um teste de triagem mostra células cancerígenas ou pré-cancerosas.
Embora receber uma ligação surpresa para dizer que há câncer no colo do útero seja aterrorizante, Torres diz que o câncer do colo do útero em estágio inicial é tratável. "Se você tem uma pequena área de câncer ou células pré-cancerosas, podemos remover essas células e voltar a zero anormalidades", explica ela.
O fato de o câncer do colo do útero não se manifestar até seus estágios mais avançados significa que é essencial manter-se em dia com seus cuidados de saúde regulares. Só porque seu colo do útero não está incomodando você não significa que não há uma chance de que algo esteja errado.
Confira:
É típico que os pacientes não apresentem nenhum sintoma relacionado ao câncer do colo do útero até que a doença avançada esteja presente”, comenta Kristen Kelley, bolsista de hematologia/oncologia do Huntsman Cancer Institute, em Utah, à Health.
"Isso ressalta a importância de realizar exames regulares do câncer do colo do útero com testes de papilomavírus humano (HPV) e exames de Papanicolau para detecção precoce e tratamento do câncer do colo do útero antes do desenvolvimento dos sintomas".
Para o câncer cervical resultar em sintomas perceptíveis ao paciente, o câncer deve ser grande o suficiente, de acordo com Kelley. Se o câncer se desenvolver em lesões ou tumores consideráveis, você pode começar a notar sintomas característicos, incluindo:
O tecido canceroso é muitas vezes friável, o que significa que é frágil e sangra facilmente", explica Kelly. "Os vasos sanguíneos que se formam são anormais e propensos a sangramento. A invasão do tecido normal circundante também pode causar danos e sangramento".
Manchas de sangue ou sangramento leve entre ou após os períodos, sangramento menstrual mais longo e mais pesado do que o habitual, sangramento após a relação sexual, ducha ou exame pélvico e sangramento após a menopausa são todos os possíveis sintomas de câncer do colo do útero, de acordo com a Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO).
Embora qualquer sangramento diferente do sangramento menstrual normal deva chamar sua atenção, isso não significa automaticamente que você tem câncer. "Muitas vezes, o sangramento é devido a um pólipo cervical, como uma marca de pele no colo do útero", diz Torres.
Na maioria das vezes, o corrimento vaginal é perfeitamente normal. Mas o corrimento vaginal aquoso e sanguinolento, pesado e com odor desagradável, pode ser um sintoma de câncer do colo do útero, de acordo com a Clínica Mayo. O líquido pode ser pálido, rosa ou marrom e pode ocorrer entre a menstruação ou após a menopausa. Um aumento no corrimento vaginal pode ser outro sintoma de câncer do colo do útero, de acordo com a ASCO.
Seu colo do útero e vagina são revestidos com membranas mucosas. Essas membranas produzem o corrimento vaginal típico que mantém os tecidos delicados protegidos, além de fornecer lubrificação durante a atividade sexual. Uma interrupção no sistema reprodutivo pode alterar a aparência, a consistência ou o odor da secreção. Isso inclui o câncer do colo do útero, mas qualquer tipo de infecção, incluindo infecções fúngicas, também pode afetar a descarga.
Quando o câncer está avançado e se espalhou para fora do útero e para a pelve ou cavidade abdominal, a dor é frequentemente associada", diz Kelley. A dor pode ser descrita como peso pélvico ou inchaço abdominal.
Lembre-se de que existem muitas explicações possíveis para a dor abdominal além do câncer do colo do útero, incluindo lesão ou infecção. Mas você sempre deve falar com um médico sobre uma dor nova ou piora do quadro o mais rápido possível.
A dor também pode vir durante o sexo. Isso porque o câncer do colo do útero pode causar inflamação e danos ao colo do útero ou ao tecido vaginal circundante, de acordo com Kelley.
O contato com o tumor ou a área afetada ao redor com um pênis, dedo ou brinquedo sexual pode resultar em desconforto novo ou incomum. Claro, existem outras causas para o sexo doloroso, incluindo infecções vaginais, endometriose e alterações devido ao parto ou menopausa, mas seu médico pode descobrir a causa e oferecer qualquer tratamento necessário.
Manter-se em dia com seus exames regulares de câncer do colo do útero é crucial para evitar que o pré-câncer se transforme em câncer. Recomenda-se que o Papanicolau seja feito, no mínimo, a cada três anos, mas isso pode variar de acordo com o médico.
Além disso, muitos especialistas recomendam o teste regular de HPV porque saber que o HPV está presente diz ao seu médico para ser mais vigilante. "A triagem de rotina do HPV é muito importante na clínica ginecológica para identificar alterações pré-cancerosas de alto risco no colo do útero de uma mulher", diz Kerrigan. "O gerenciamento dessas alterações pré-cancerosas pode ajudar a prevenir o desenvolvimento do câncer do colo do útero".
Se você tiver alguma preocupação com sua própria saúde ou o risco de contrair câncer do colo do útero, ligue para o seu médico. Ele pode ajudar a avaliar seus riscos e aconselhar sobre quais medidas você pode tomar para se manter saudável.
Via: Health
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