O câncer de mama é o segundo mais comum no Brasil, perdendo apenas para o
câncer de pele não melanoma. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), estima-se que, no triênio de 2023 a 2025, aproximadamente 73.610 mulheres receberão o diagnóstico da doença, o que representa uma taxa de incidência de 41,89 casos por 100.000 mulheres.
A medicina tem avançado no uso de novos
medicamentos e de tecnologias modernas para enfrentar o câncer de mama. “A inteligência artificial (IA), por exemplo, tem se destacado ao auxiliar médicos no diagnóstico preciso e oferecer opções de tratamento mais assertivas. Inúmeros casos de sucesso com a aplicação da tecnologia na medicina já demonstram seus benefícios aos pacientes”, diz Daniel Morel - oncologista e diretor médico da healthtech Tuinda Care.
Ele lembra que a inteligência artificial tem sido uma aliada valiosa na detecção de nódulos mamários suspeitos, contribuindo para o diagnóstico precoce e, consequentemente, para a melhoria das perspectivas de tratamento e sobrevida dos pacientes. “Esses modelos de inteligência artificial têm se mostrado tão eficazes quanto radiologistas treinados na avaliação de
mamografias, melhorando significativamente o potencial de diagnóstico de nódulos mamários”, afirma o oncologista.
Prevenção
Morel cita um estudo publicado em junho de 2023 no periódico
Radiology, da Sociedade Americana de Radiologia que comparou o uso de algoritmos de IA com modelos de risco clínico para prever o desenvolvimento de
câncer de mama. Este trabalho avaliou mamografias negativas do ano de 2016, selecionando uma coorte de 13.628 pacientes. Além disso, foram adicionados 4.584 pacientes que receberam o diagnóstico de câncer dentro de cinco anos a partir do exame original de 2016. O algoritmo de IA foi capaz de prever o risco de desenvolvimento de câncer em 28%, quando comparado com os modelos clínicos, tornando-se uma importante ferramenta para o diagnóstico precoce.
Além dos avanços tecnológicos, o médico diz que a aprovação e disponibilidade de novos tratamentos têm proporcionado maiores chances de cura e controle do
câncer de mama. “No entanto, persistem desafios importantes, como a necessidade de ampliar o acesso a cuidados abrangentes e tecnologias que podem auxiliar na jornada de cuidado”, finaliza.
A importância dos biossimilares
Biossimilares são produtos biológicos com custo menor e altamente semelhantes aos medicamentos originais de referência. Para que sejam desenvolvidos e liberados, a eficácia tem de ser rigorosamente comprovada por meio de extensivos estudos de comparação avaliando aspectos clínicos e não clínicos.Eles estão desempenhando um papel fundamental no avanço do tratamento do
câncer de mama, representando novas opções terapêuticas para pacientes, mesmo em casos com metástases.
“Terapias-alvo como o trastuzumabe, por exemplo, indicado para o tumor do tipo HER2 positivo (proteína que atua na
progressão das células mamárias doentes), um dos mais agressivos, desempenham um papel crucial nesse contexto. Este biomedicamento pode ser usado inclusive em combinação com a quimioterapia e a hormonioterapia, uma vez que não impacta nos outros tratamentos e, ainda, antes ou depois de procedimentos para retirada de tumor”, afirma Carolina Martins Vieira, oncologista clínica do Grupo Oncoclínicas e pesquisadora do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais.
O
medicamento também pode ser associado a outro anticorpo, com chances de administração inclusive durante a radioterapia. Além disso, por se tratar de um anticorpo humanizado (procedente de espécies não humanas cujas sequências proteicas foram modificadas para aumentar a sua semelhança com os anticorpos produzidos naturalmente pelos humanos) que, uma vez injetado no organismo, tem pouco efeito nas células sadias, mas apresenta a capacidade de bloquear a multiplicação de células cancerosas que apresentam grande quantidade de HER2.
Carolina finaliza lembrando que os biossimilares oferecem uma perspectiva econômica favorável, uma vez que geralmente o custo-benefício é melhor em comparação com os
medicamentos de referência, oferecendo a mesma qualidade, segurança e eficácia. Ou seja, possibilitando que mais pessoas possam ter acesso ao tratamento.