Pesquisa realizada na Flórida aponta que a diferença caiu, mas as mulheres negras têm 20% mais chances de morrer
Redação Publicado em 06/07/2021, às 18h00
De acordo com um novo estudo publicado na Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention, revista da Associação Americana de Pesquisa do Câncer, para as mulheres diagnosticadas com câncer de mama na Flórida (EUA), as taxas de mortalidade diminuíram mais entre as negras e hispânicas do que entre as brancas desde 1990. Entretanto, as mulheres negras ainda apresentam o dobro dos índices de mortalidade.
Para a pesquisa, foram utilizados os registros do Sistema de Dados sobre o Câncer da Flórida, com mais de 250.000 mulheres diagnosticadas com câncer de mama entre os anos de 1990 e 2015. Na pesquisa, 79,5% se identificaram como brancas não hispânicas, 10,5% como negras não hispânicas, 9,7% como brancas hispânicas e 0,3% como hispânicas negras. Os pesquisadores estudaram a incidência cumulativa de morte por câncer de mama, assim como as taxas de risco relativo para as mulheres de cada grupo.
De acordo com a pesquisa, nas últimas décadas, o diagnóstico de câncer de mama em mulheres negras tendia a ser menor quando comparado às mulheres brancas, mas as negras seguiam com maior probabilidade de serem diagnosticadas com doença mais avançada.
Com o tempo, porém, a ocorrência de câncer de mama em mulheres negras passou a estar no mesmo nível do que o das mulheres brancas - um efeito da vigilância direcionada a essas populações.
Confira:
Por volta de 1990, as taxas de mortalidade pela doença começaram a diminuir, refletindo o melhor rastreamento e disponibilidade de novos tratamentos. Entretanto, os achados mostram que, apesar do declínio, ele foi bem mais lento entre as mulheres negras.
As descobertas mostraram que, para todos os grupos raciais e étnicos, a mortalidade diminuiu gradualmente de 1990 a 2015. Em mulheres brancas não hispânicas, a mortalidade caiu de 20,6% nos primeiros cinco anos (1990-1994) para 14% no período final (2010-2015). Em mulheres negras não hispânicas a queda foi de 36,0% para 25,9%.
Não houve diferenças significativas em relação às taxas de mortalidade entre mulheres brancas hispânicas e não hispânicas. Porém, apesar de todos os avanços, os autores ressaltam ainda que as mulheres negras retêm o dobro dos índices de mortalidade quando comparadas às mulheres brancas não hispânicas.
Quando a análise dos dados de mortalidade foi feita com base na idade, status do seguro de vida, pobreza, estágio e grau tumorais no diagnóstico e tratamento recebido, a taxa relativa de mortalidade por câncer de mama para mulheres negras, que era 102% maior que as brancas antes da normalização dos dados, foi para 20% maior que as brancas.
Os pesquisadores explicam que, nas últimas três décadas, houve uma melhora na sobrevivência do câncer de mamas para todas as mulheres – especialmente para as que se encaixam em minorias sociais – o que é encorajador.
No entanto, no período de tempo mais recente, as mulheres negras não hispânicas ainda têm o dobro da taxa de morte por câncer de mama em comparação com mulheres brancas não hispânicas. Assim, segundo a equipe, é preciso celebrar o progresso, mas sem esquecer de continuar a luta por resultados mais igualitários para mulheres diagnosticadas com câncer de mama.
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