Apesar de raro, esse é o tumor sólido mais comum entre indivíduos jovens
Tatiana Pronin Publicado em 23/11/2024, às 14h00
Durante o Novembro Azul, os homens são lembrados da importância de consultar o urologista com regularidade, a fim de identificar precocemente não só o câncer de próstata, mas também outros tipos de câncer, como o de testículo.
O câncer testicular é o tumor sólido mais comum entre indivíduos jovens, e acomete homens de 15 a 50 anos. Apesar de raro (corresponde a 1% dos tumores masculinos), a doença envolve um forte estigma, já que o tratamento requer a remoção do testículo afetado e o temor de que o paciente tenha a fertilidade ou a vida sexual afetada.
A primeira boa notícia é que o câncer de testículo é curável em 95%. A segunda, importante de ser destacada, é que a remoção de um testículo não prejudica a função sexual, nem tampouco a capacidade reprodutiva do homem.
‘É retirar o tumor e seguir com a vida normalmente”, diz médica oncologista Rafaela Pozzobon, da Oncologia D’Or. Assim, identificar o câncer de próstata antes que a doença avance é fundamental.
Os testículos são órgãos menores do que bolas de golfe, que ficam localizados dentro do saco escrotal. Eles têm duas funções principais: a produção do esperma e do hormônio testosterona.
Os tumores de testículo podem ser divididos em dois grandes grupos: os não seminomatosos (mais comum em homens com menos de 30 anos) e os seminomatosos.
Inicialmente, é comum haver o aumento e endurecimento do testículo, além do surgimento de nódulos com tamanho parecido com o de uma ervilha. Assim, o autoexame é essencial para detectar o problema precocemente.
Embora sejam quase sempre indolores, esses nódulos causarm um certo desconforto que pode ser confundido com o processo inflamatório, a orquite. “Por isso, é importante consultar o urologista para ter o diagnóstico correto e fazer o tratamento adequado”, explica Daniel Herchenhorn, da Oncologia D’Or.
Já nos casos mais avançados, quando há metástase, podem surgir outros sintomas, como uma massa no abdômen, dor óssea ou falta de ar.
A maior incidência do câncer de testículo é em homens brancos e indivíduos com histórico familiar da doença, principalmente parentes de primeiro grau.
A doença também é mais comum em indivíduos com síndromes genéticas raras, como a síndrome de Down ou de Klinefelter, bem como auqlees que tiveram criptoquirdia (quando um ou ambos os testículos não descem para a bolsa escrotal antes do nascimento).
Segundo Herchenhorn, existem controvérsias sobre a hipótese de que o tabagismo e o uso de álcool, bem como outras drogas lícitas e ilícitas, aumentem o risco desse tipo de câncer. “Mas existe um estudo publicado em 2019, na Califórnia (EUA), mostrando maior incidência do câncer testicular em pessoas que fazem uso regular de maconha”, pondera.
Outros estudos também apontam uma propensão maior da doença em pessoas que sofrem de obesidade.
Em relação à prática de esportes, não existe nenhuma relação comprovada com o risco da doença, embora muitos homens se preocupem com o ciclismo. “Nem esse esporte, nem qualquer outro, aumenta o risco de câncer testicular”, garante o médico.
O diagnóstico é feito com a palpação do médico, além de exames de imagem (ultrassom ou ressonância magnética) e de sangue. Este último ajuda a identificar marcadores específicos a certos tipos de tumores testiculares.
Quando diagnosticado na fase inicial, as chances de sucesso são altas. “Durante a cirurgia removemos o testículo e, em seu lugar, inserimos uma prótese de silicone para manter a estética da glândula”, descreve Rafaela Pozzobon. Depois da alta, o paciente é acompanhado pelo médico, sem que haja necessidade de radioterapia ou quimioterapia.
Se o outro testículo estiver saudável, a fertilidade será preservada. Já em casos avançados ou de metástase, o tratamento envolve cirurgia e quimioterapia. Nesse caso, o paciente é aconselhado a reservar o esperma em bancos de sêmen antes do tratamento para poder se tornar pai no futuro.
A médica observa que, segundo um estudo, há um aumento no casos de testículo no Brasil, bem como uma tendência de crescimento na mortalidade.
Por tudo isso, ela incentiva os homens a fazerem o autoexame regular nos testículos, a fim de identificar qualquer anomalia, como um caroço. Além disso, ela lembra que é fundamental consultar o urologista com regularidade, desde cedo:
“Assim como a mulher vai ao ginecologista, o homem também deve procurar o urologista para avaliar o seu estado de saúde”.
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