Rever um filme que você gosta muito ou fazer algo diferente na rotina já pode ajudar bastante a vencer o mau humor
Redação Publicado em 23/08/2021, às 13h00
Depois de tanto tempo em casa por conta do isolamento social — feito em razão da pandemia —, muita gente acabou se sentindo mais cansada e mal-humorada devido à rotina repetitiva. E, de acordo com pesquisas recentes, não é apenas impressão nossa. As pessoas realmente têm uma piora na qualidade de vida caso fiquem muito tempo presas em casa.
Um estudo feito na Escócia, por exemplo, pediu que indivíduos realizassem tarefas para testar sua memória e atenção. A conclusão foi que as pessoas tinham resultados muito piores durante o tempo de isolamento do que quando estavam vivendo normalmente.
Enquanto isso, outra pesquisa, desta vez realizada na Itália, avaliou 4.000 pessoas durante o lockdown do ano passado e descobriu que pelo menos 30% delas experimentaram “leve interrupção das atividades cognitivas”.
“Casos de esquecimento direto de onde você deixou seus óculos ou telefone… muitas pessoas relataram dificuldade em permanecer na tarefa, sentindo a mente divagar e se distraindo. Se você está passando por isso, não está absolutamente sozinho. É muito, muito comum”, explica Brett Hayes, professor de psicologia na University New South Wales.
Felizmente, existem algumas dicas que as pessoas podem seguir para diminuir as consequências do isolamento e ainda melhorar o humor. Confira:
“Muitos trabalhos em andamento na Itália mostraram que fazer exercícios que exijam mais vigor é ótimo”, diz Hayes. “Mesmo uma quantidade pequena de exercícios parece ter um efeito positivo sobre o bem-estar e a cognição.”
Viviana Wuthrich, diretora do Centro para Envelhecimento, Cognição e Bem-estar da Macquarie University, diz que é totalmente normal sentir desmotivação com relação aos exercícios, mas, segundo ela, “trata-se de se esforçar para fazê-los”.
“Motivação é uma mentalidade, e o bloqueio cria baixa motivação. Você pode ter que se forçar a fazer exercícios, trabalhar ou mesmo fazer algo prazeroso, mas não desista, você pode não fazer o melhor, mas ainda precisa tentar”, comenta Wuthrich. “O exercício diminui o hormônio do estresse, chamado cortisol. Exercícios mais vigorosos vão queimar tudo mais rápido, mas qualquer coisa é melhor do que nada”.
“Sei que estamos cansados das festas do Zoom, mas na verdade parece ser importante”, diz Hayes. “Se você se permitir ficar muito isolado, esses problemas cognitivos tendem a piorar”, diz ele, acrescentando que uma conversa ao vivo com as pessoas em sua casa ou chats por vídeo irão ajudar. “Isso mantém a memória e a atenção aumentadas e focadas.”
Quando pesquisadores australianos, incluindo Wuthrich, entrevistaram pessoas mais velhas e perguntaram sobre como eles estavam lidando com o isolamento no ano passado, o impacto positivo do contato social (mesmo virtual) no humor foi claro. “As pessoas mais velhas que moram sozinhas se saíram pior, mas as pessoas mais velhas que tinham contato frequente com os netos, mesmo por videochamada, se saíram melhor”, diz ela.
Socialize de qualquer forma que não quebre as restrições, ela aconselha. “Dentro dos limites que as pessoas têm, quaisquer que sejam, faça uso dessas oportunidades.”
Para evitar dias ruins e entediantes, a introdução de pequenas diferenças pode ter um grande impacto. “Quando podíamos sair livremente, isso significava que íamos para locais diferentes, teríamos interações sociais imprevisíveis... Codificamos muito desse material de fundo e é isso que nos ajuda a diferenciar uma memória da outra. No entanto, não é assim que as coisas funcionam durante a pandemia”, comenta Hayes.
Confira:
Para ele, uma dica para sair da rotina é introduzir variedade, como mudar a rota de caminhada ou corrida diariamente ou marcar um telefonema com alguém com quem você não fala há algum tempo. “Qualquer coisa que rompa o contexto repetitivo.”
Se você costuma ter prazer em experimentar coisas novas, introduzir alguma novidade em sua vida também pode ajudar com seu humor, diz Wuthrich. Mas prazer é a palavra-chave. Reler um livro favorito ou assistir a um filme amado, por exemplo, pode ser bem útil.
Embora a gente ainda não possa fazer muitas das coisas que éramos acostumados antes da pandemia, como ir a shows e festas lotadas, ainda há algumas opções.
“Faça algo que seja agradável, mas não necessariamente emocionante: faça um quebra-cabeça, ouça música e até mesmo desenterre aquele velho instrumento que você não tocou. Cada uma dessas pequenas atividades prazerosas elevará gradualmente o seu humor”, diz Hayes.
“Precisamos pensar sobre o que podemos controlar em nossas próprias vidas. É assim que saímos de casa, o que comemos e bebemos, os filmes que assistimos”, diz Wuthrich.
Isso se estende a escolher quando fazer pausas ou deixar as coisas passarem. Se você está tendo problemas com o trabalho ou seus filhos estão tendo dificuldade com os estudos, a dica é dar um tempo e fazer outra coisa que diminua o cansaço mental. Dessa forma, você vai se sentir mais revigorado.
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