Redação Publicado em 16/03/2021, às 16h50
Em entrevista ao podcast Goop, Cara Delevigne contou que já pensou em suicídio por conta de sua sexualidade. A modelo, hoje em dia, é assumidamente pansexual, ou seja, seu interesse não tem relação com o gênero, expressão, ou orientação, e sim com a pessoa, independentemente de tudo isso. Na entrevista, ela explicou que cresceu em uma família muito conservadora e, por isso, sentia nojo da ideia de ter uma parceira do mesmo sexo.
“Eu cresci em uma família antiquada. Eu não conhecia ninguém que fosse gay. Eu não sabia que isso existia e, na verdade, acho que enquanto crescia não tinha consciência de que eu era homofóbica", relembra ela. "A ideia de ser do mesmo sexo [da parceira], eu tinha nojo disso, de mim mesma. Eu ficava naquela de 'ah, meu Deus, eu nunca faria isso, isso é nojento'”,
"Eu correlacionei a depressão massiva e os momentos suicidas da minha vida [ao fato de gostar de mulher] porque eu tinha muita vergonha de ser isso [pansexual]. Mas na verdade essa é a parte de mim que eu amo tanto e aceito", explicou Cara. "Ainda há uma parte de mim onde eu penso 'ah, eu gostaria de poder ser hétero'. Ainda existe esse lado disso. É muito complicado", concluiu.
O que leva alguém a se matar?
Pesquisas apontam que quase 97% dos casos de suicídio estão relacionados a transtornos mentais como depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, transtornos de personalidade e abuso de álcool ou drogas. Mas não quer dizer que todo indivíduo que sofre com essas doenças pode se matar – longe disso! Existem diversos fatores envolvidos, como a gravidade dos sintomas, questões culturais, ausência de tratamento e impulsividade, entre outros.
Também há outros problemas e condições que aumentam o risco de alguém pensar em morrer, como discriminação, bullying, sofrimento no trabalho, perda de emprego, exposição a agrotóxicos, crises políticas e econômicas, conflitos familiares, perda de alguém querido, doenças crônicas dolorosas ou incapacitantes e acesso a meios letais, como armas ou venenos.
Dá para evitar!
Estima-se que 90% dos suicídios podem ser prevenidos. Por isso é importante perder o medo e oferecer ajuda. Muitas vezes, ter com quem falar, colocar o sofrimento para fora e poder contar com um “ombro amigo” fazem toda a diferença.
Como muitas dessas tragédias acontecem por impulso, no desespero, esse tempo para ser ouvido, ouvir e pensar podem mudar o destino de muita gente. Esse “ombro amigo” também pode ser fundamental para incentivar a pessoa a buscar tratamento, na suspeita de um transtorno mental.
A maioria das pessoas expressa a ideação suicida de alguma maneira, seja de maneira sutil (com palavras ou imagens mais sombrias nas redes sociais, abandono de atividades, isolamento ou mudanças de comportamento), ou de forma mais explícita (com frases como “a vida perdeu o sentido pra mim” e “eu sou um peso para os outros”, ou até elaboração de testamento).
Como ajudar
O mais importante é demonstrar disposição para ouvir sem julgamentos. Muitas vezes, as pessoas tentam ajudar com frases como “eu já passei por coisa pior”, “agradeça pelo que você tem de bom” ou “levanta a cabeça”, mas isso só aumenta a sensação de culpa ou de impotência diante do sofrimento.
Nos sites e páginas do CVV, do Ministério da Saúde e da campanha Setembro Amarelo, entre outros, é possível encontrar cartilhas com informações valiosas para quem quer ajudar, mas não sabe como. Se você suspeitar de uma emergência, não hesite: ligue para o SAMU (192), ou leve a pessoa para um serviço de emergência (em pronto-socorros, hospitais ou numa UPA 24H).
Se é você quem está sofrendo
Não tenha vergonha de pedir ajuda. Falar é sempre melhor. Se não der para ser alguém da família, busque um amigo, um professor, alguém de confiança na sua comunidade, um grupo de suporte ou um profissional de saúde.
O Centro de Valorização da Vida oferece apoio emocional a todas as pessoas que precisam conversar, sob total sigilo, pelo telefone 188 (ligação gratuita), ou por email, chat ou Voip, todos os dias, 24 horas. Você também pode buscar auxílio profissional dos CAPS e nas Unidades Básicas de Saúde (Saúde da Família, Postos e Centros de Saúde).
Lembre-se que a depressão é uma doença como outra qualquer. Se você não pensa duas vezes ao procurar o médico em caso de dor ou febre, não há porque ter receio de procurar um psiquiatra, psicólogo, assistente social ou mesmo um grupo de suporte em caso de sofrimento emocional.