Chefe homem é pior para lidar com colega ou funcionário com depressão

Estudo sueco mostra que líderes do sexo masculino têm mais atitudes negativas em relação ao transtorno no ambiente de trabalho

Redação Publicado em 14/12/2020, às 21h05

Os resultados mostram que a depressão ainda gera um enorme estigma, mesmo sendo um transtorno frequente - Pixabay

Homens em cargo de liderança têm mais atitudes negativas em relação à depressão no ambiente de trabalho, quando comparados com mulheres na mesma posição.

É o que revela um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, publicado no periódico BMC Public Health. O trabalho contou com 2.633 pessoas (1.762 homens e 901 mulheres).

Mais poder, mais atitude negativa

É importante destacar que tanto os entrevistados do sexo masculino quanto os do feminino apresentaram mais atitudes negativas quanto mais alto era o cargo exercido nas companhias.

Mas os homens se saíram pior na avaliação: 24% dos homens em cargo de chefia apresentaram atitudes negativas, em comparação com 12% das mulheres em posições de liderança.

Os pesquisadores afirmam, com surpresa, que essa diferença se manteve mesmo após o controle de alguns fatores que poderiam influenciar o resultado, como o nível de treinamento e o tempo que a pessoa tinha em cargos de chefia e a experiência anterior com algum colega de trabalho com o transtorno.

Como o estudo foi feito

A avaliação foi feita a partir de um índice com 12 afirmações destinadas a indicar o comportamento do líder em relação a funcionários com depressão.

Chefes do sexo masculino foram mais propensos a concordar com frases como as seguintes: “Me sinto inseguro em relação a colegas de trabalho com depressão”, “Esses funcionários são um fardo para o ambiente de trabalho”, “Funcionários não deveriam trabalhar medicados”.

Os homens em cargo de gerência também se mostraram menos propensos a mudar tarefas de trabalho para ajudar algum funcionário deprimido, e tinham menos tendência a nomear alguém se soubessem que a pessoa tinha histórico de depressão.

Chefes do sexo masculino e feminino só foram igualmente propensos a concordar com uma afirmação – a de que consideravam estressante ter um funcionário deprimido.

Depressão ainda gera estigma

Quanto maior o número de colegas e funcionários que enfrentam ou já enfrentaram depressão, menor era a proporção de atitudes negativas dos chefes, o que é boa notícia.

O estudo tem algumas limitações, como o fato de ser baseado nas ideias dos entrevistados sobre o assunto, e não em casos reais. Por isso, não dá para ter certeza de como esses homens e mulheres agiriam na prática.

De qualquer forma, os resultados mostram o estigma associado à depressão, um dos transtornos mentais mais frequentes: estima-se que ele afeta cerca de 5% da população mundial.

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