Frontoplastia consiste em avançar o couro cabeludo para frente por meio de um corte na margem do cabelo
Redação Publicado em 11/03/2022, às 14h00
A ex-BBB Thaís Braz, 29 anos, surpreendeu a internet nesta quinta-feira (10) ao aparecer em suas redes sociais com um curativo na cabeça e a notícia de que diminuiu dois centímetros da testa após passar por uma cirurgia de frontoplastia.
A frontoplastia consiste em avançar o couro cabeludo para frente por meio de um corte na margem do cabelo, reduzindo o tamanho da testa e adequando a proporcionalidade facial. No procedimento, o médico faz uma incisão bem rente ao início do cabelo e retira uma faixa de pele para deixar a testa menor. Apesar de parecer agressiva, ela tem uma recuperação rápida quando comparada a outras cirurgias plásticas: duas semanas de repouso com pouca dor e inchaço.
“Dessa forma, o cirurgião consegue descolar e puxar a pele de forma delicada, fazendo com que a cicatriz fique escondida no início dos cabelos. Logo depois, os ligamentos e músculos são reposicionados”, afirma o cirurgião plástico Paolo Rubez, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e mestre em Cirurgia Plástica pela Unifesp.
Thaís ganhou fama nacional após participação na 21ª edição do Big Brother Brasil no ano passado, mas o tamanho de sua testa também chamou atenção dos telespectadores na época. No vídeo, a ex-BBB contou que se sentia incomodada desde criança. “O tamanho da minha testa era minha insegurança. Fiz isso para me sentir melhor”, garantiu.
Patricia Marques, cirurgiã plástica especialista em cirurgias de cabeça e pescoço e pioneira da técnica de frontoplastia de avanço no Brasil, explica que assim como a ex-sister, muitas pessoas sofrem com o mesmo problema. “Apesar da técnica cirúrgica da frontoplastia existir há muito tempo, no Brasil ela é recente. Realizo o procedimento há cinco anos e sou pioneira da técnica de frontoplastia de avanço no país. Recebo muitos pacientes em meu consultório que reclamam dessa desarmonia no rosto, principalmente mulheres entre 18 e 30 anos. A minha recomendação neste caso, é a cirurgia”, explica a médica, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Assim como Thaís, por meio do procedimento é possível diminuir cerca de dois centímetros da altura da parte superior do rosto, mas dependendo da elasticidade da pele, pode-se alcançar um pouco mais. “Parece uma diferença pequena, mas para a proporção da face é uma mudança drástica”, comenta a especialista.
Abaixo, montagem mostra Thaís antes de depois da cirurgia (Reprodução: Twitter @RealitysVip)
No ano passado, a modelo norte-americana Camilla Coleman Brooks, de 27 anos, fez sucesso no TikTok ao relatar uma intervenção cirúrgica para diminuir o tamanho da testa em três centímetros. O problema a acompanhava desde pequena: ela tinha 8,5 cm de testa.
“Essa cirurgia é a solução definitiva para essa questão que incomoda muito algumas mulheres e homens, que sempre buscam estratégias para esconder o tamanho da área da testa. Um dos principais objetivos de quem a procura é o aumento da autoestima e de aceitação”, explica o cirurgião plástico, que fez estágios em Cleveland nos EUA na mesma clínica em que a modelo foi operada.
O período de recuperação da cirurgia é relativamente curto; na maioria dos casos, o paciente pode retornar às atividades costumeiras em uma semana. No entanto, como em todo processo cirúrgico, a frontoplastia exige alguns cuidados pós-operatórios para que os resultados saiam como esperado. “O paciente deve fazer uso das medicações prescritas e evitar esforço físico por três semanas. Além disso, não se expor ao sol é importante para que a cicatriz tenha uma melhor qualidade”, ressalta Rubez.
Ele ressalta que a cirurgia por si só não altera feições do rosto e nem muda a posição dos olhos ou o formato dos lábios: “Este tipo de mudança pode acontecer no lifting facial cirúrgico, por exemplo, que envolve incisões nas laterais do rosto, diferente da frontoplastia”, diz o médico. Como o procedimento é irreversível, é ideal conversar com um cirurgião responsável sobre suas expectativas, experiente na área e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Para quem não quer passar por uma cirurgia como esta, Rubez diz que há outras maneiras: "Outra opção seria implantar cabelo na região para diminuir a testa ou simplesmente tirar a pele". Efeitos colaterais pós-cirurgia podem surgir: "A pessoa pode ficar com a cicatriz mais visível, e se tiver problema de cicatrização, o que é muito raro, por exemplo queloide, a cicatriz pode ficar alargada e com a coloração escura. Também pode haver alteração de sensibilidade na região, como formigamento ou até mesmo não sentir bem aquela parte da pele".
Patrícia enfatiza que não podemos tratar uma testa grande como uma condição médica. Porém, muitas pessoas, principalmente mulheres que têm essa desproporcionalidade se sentem ‘reféns’ dela. “Não tem nada de errado com uma testa como era a da Thaís, por exemplo. Mas, também defendo que quando existe algo no caminho de estarmos bem com nós mesmos, é válido buscar essa mudança, assim como fez a ex-BBB,” finaliza a médica.
Em tempos de redes sociais, selfies e pessoas fazendo comentários nem sempre lisonjeiros, esses incômodos no corpo tomam proporções muito maiores. Patrícia acredita, sim, que as redes sociais aumentaram o desejo de mudança por meio de comparação entre as pessoas. Mas, no geral, diz que os pacientes que vêm em busca da cirurgia possuem um histórico de autoestima menor, autoconfiança abalada e com problemas de aceitação da própria imagem.
É muito comum terem histórico de bullying na escola, entre os familiares e, desde criança, aprendem que a testa grande é um problema e deve ser disfarçada. As redes sociais acabam gerando um impacto ainda maior na noção de percepção estética desses pacientes. Tenho sentido uma evolução na procura do procedimento ano a ano e, com a pandemia, essa procura dobrou", admite a médica.
Ela conta que homens também procuram a cirurgia, que pode ser realizada quando a questão é o tamanho da testa desproporcional ao rosto, mas se o problema for calvície, ou se ele já for calvo, a cirurgia não é indicada.
Outra questão a ser levantada é: esta cirurgia é mesmo necessária? Alan Landecker, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), explica que antes de passar por qualquer cirurgia plástica existem alguns pontos importantes que devem ser observados. O primeiro deles é a motivação.
“A pessoa precisa ter um incômodo muito significativo em relação àquela área que deseja operar. Se o incômodo for pouco, na maioria das vezes é melhor nem operar”, diz Landecker. Ele comenta que já chegou a receber em seu consultório pacientes em busca de procedimentos que os deixassem com corpos parecidos com os de celebridades: “É uma coisa que gera ansiedade. Eu sempre digo que o corpo real é muito diferente do que as influenciadoras mostram nas imagens. Eu digo que as pessoas têm muitos defeitos, mas não os postam”.
De fato, muitas das fotos que são publicadas nas redes sociais são montadas para parecerem perfeitas. Filtros, maquiagem, edição… o pacote completo para deixar o corpo o mais bonito — e irreal — possível.
Landecker destaca a importância das pessoas terem expectativas realistas e procurarem um bom especialista para fazer a cirurgia. “Além disso, é essencial se certificar de que existem recursos para arcar com o tratamento e tempo suficiente para fazer a recuperação, como férias ou um período mais tranquilo para que o repouso possa ser cumprido”. Outro ponto muito importante: a maioria das cirurgias plásticas é irreversível porque gera uma mudança de anatomia no local. “Isso altera permanentemente os tecidos da pele, então é impossível voltar exatamente a como era a região antes do procedimento”, finaliza.
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