Hoje, o uso de tecnologias na cirurgia plástica é realidade e rotina. O consultório de cirurgia plástica mudou muito nos últimos tempos. O bisturi, somente, não é mais uma opção, assim como a cirurgia estética passou a começar muito antes do paciente entrar no centro cirúrgico. E o tratamento só termina muito tempo depois. E as tecnologias permeiam toda essa jornada do paciente dentro do consultório.
Todo paciente que vai ao consultório de cirurgia plástica chega com um resultado pronto no pensamento. Cabe ao cirurgião plástico analisar o projeto, transformá-lo em anatomia, verificar sua viabilidade e escolher a melhor estratégia. E as tecnologias ajudam nesse processo.
O uso das tecnologias começa já no diagnóstico. Com a bioimpedância conseguimos analisar o estado nutricional do paciente, com porcentagem de massa magra e gorda, quantidade de músculos e estado de hidratação. Esses dados nos permitem traçar o pré-operatório e até prever o resultado da cirurgia que pode ser efetivamente alcançado.
Já o ultrassom nos permite analisar a anatomia antes do tratamento. Podemos localizar vasos e nervos antes de procedimentos com preenchimento facial, avaliar a condição da musculatura abdominal e eventuais defeitos como diástase e hernias, avaliar a quantidade de glândula em relação ao tamanho de próteses mamárias e investigar a presença de nódulos ou cistos sob a pele. Com esses dados, é possível traçar a melhor cirurgia para aquele paciente e explicar, de maneira visual, as limitações e resultados do procedimento.
No pré-operatório inúmeras tecnologias permitem melhorar a qualidade da pele e reduzir a flacidez, muitas vezes até mesmo retardando uma cirurgia estética.
O lifting facial reposiciona a musculatura e a pele. Mas se a qualidade da pele está muito ruim, sem elasticidade por falta de colágeno, o resultado da cirurgia será comprometido. Nesses casos, tecnologias como os lasers de diodo ou de CO2, a luz pulsada e o ultrassom microfocado podem ser usadas para estimular a produção de colágeno, melhorar a qualidade da pele e, portanto, o resultado da cirurgia.
O resultado da lipoaspiração também pode ser significativamente aprimorado com tecnologias que melhoram a drenagem linfática e a fibrose do tecido que será aspirado, incluindo a radiofrequência, os ultrassons e os lasers.
Mesmo na abdominoplastia, em pacientes com fraqueza da musculatura abdominal, podemos usar o estímulo eletromagnético para fortalecer e hipertrofiar a musculatura a ser reparada, tornando a cirurgia ainda mais efetiva.
A lipoaspiração sofreu uma revolução com as tecnologias. No momento da aspiração temos a bomba de infusão de soluções anestésicas e vasoconstritoras e o aparelho de vibrolipoaspiração que tornam o procedimento muito mais rápido e seguro.
A grande vilã das cirurgias corporais é a flacidez. Hoje, temos tecnologias como laserlipo, Renuvion ou Bodytite que são aplicadas após a lipoaspiração e produzem uma retração da pele com maior produção de colágeno, evitando a piora da flacidez após o procedimento.
Laser de CO2 e microagulhamento com radiofrequência (Morpheus) também podem ser aplicados após cirurgias faciais ou corporais para melhorar significativamente a qualidade da pele.
Muitos consultórios já dispõem de câmera hiperbárica, o que melhora muito a recuperação de cirurgias, principalmente em pacientes de risco ou com complicações, como dificuldade de cicatrização ou necroses.
A drenagem linfática também ganhou grandes aliados. Hoje, uma infinidade de tecnologias é utilizada para evitar a formação de fibroses e nódulos, incluindo radiofrequência, ultrassom, laser de baixa potência e microcorrentes.
Também conseguimos manter resultados de lifting facial com os aparelhos que estimulam o colágeno (ultrassom microfocado, microagulhamento com radiofrequência, radiofrequência). As marcas roxas, muito comuns após cirurgias, podem ser minimizadas com a luz pulsada, que age sobre o pigmento. E ainda temos o tratamento das cicatrizes, que podem ser praticamente apagadas com as tecnologias.
O uso de tecnologias vem sendo incorporado cada vez mais à cirurgia estética, proporcionando vantagens como mais segurança, melhores resultados e diminuição das complicações. Podemos ainda retardar, melhorar ou até evitar procedimentos, oferecendo uma gama enorme de tratamentos cirúrgicos e não cirúrgicos com ajuda de tecnologias.
O bom senso do médico cirurgião plástico sempre será imperativo nessas associações e existe uma necessidade constante de atualização, pois a evolução de todas estas tecnologias é incrível.
Dra. Beatriz Lassance
Cirurgiã plástica formada na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e residência em cirurgia plástica na Faculdade de Medicina do ABC. Trabalhou no Onze Lieve Vrouwe Gusthuis, em Amsterdam, e é membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, da ISAPS (International Society of Aesthetic Plastic Surgery) e da American Society of Plastic Surgery. Além disso, é membro do American College of LifeStyle Medicine e do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida. Instagram: @drabeatrizlassance
* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Site Doutor Jairo