Sentimento pode ser considerado patológico quando traz sofrimento excessivo
Dr. Jairo Bouer Publicado em 07/04/2024, às 10h00
Ciúme é algo que faz parte da vida e dos relacionamentos, sejam eles amorosos ou não. Alguns estudos até acreditam que a reação tem um papel importante para manter um casal junto numa sociedade monogâmica.
Mas o sentimento pode se tornar uma doença quando vira obsessão e traz sofrimento excessivo para a própria pessoa ou mesmo para quem é alvo do sentimento. Quando isso ocorre, dizemos que a pessoa tem um "ciúme patológico".
Indivíduos com ciúme patológico sofrem com ruminações constantes e, muitas vezes, ideias irracionais sobre uma suposta infidelidade do parceiro. Esses pensamentos repetitivos e desagradáveis costumam acompanhar a verificação compulsiva do comportamento do parceiro.
Outro transtorno mais raro e grave, ligado ao sentimento, é o chamado "ciúme delirante", também conhecido como "síndrome de Otelo", em referência à tragédia de Shakespeare. Nesse caso, existe um componente importante, que é o delírio. Dessa forma, o ciúme delirante é tratado como um transtorno psicótico.
Veja alguns sinais de ciúme patológico:
- excesso de ciúme, sem a presença de delírio
- pensamentos irracionais e suspeitas sobre a infidelidade do(a) parceiro(a)
- comportamentos excessivos em busca de informações sobre as suspeitas
- sentimentos de raiva, medo e tristeza ao pensar no assunto
- violência verbal ou até física contra o(a) parceiro(a) ou contra outras pessoas por causa do ciúme
- os pensamentos e comportamentos geram angústia e prejuízos aos relacionamentos
- a pessoa chega a ter sintomas físicos ao pensar no que o(a) parceiro(a) pode estar fazendo, como coração acelerado, suor, falta de apetite, insônia etc.
Qual conselho dar para uma pessoa que é muito ciumenta e gostaria de melhorar? O primeiro passo é reconhecer que o sentimento existe e tentar entender de onde isso vem. Muitas vezes, a parceria deu motivos no passado para o outro ficar inseguro. Em outras situações, essa insegurança vem de questões individuais, como a falta de autoestima.
O importante é que o diálogo seja constante, e que a confiança e o respeito prevaleçam, de forma que o ciúme fique apenas reservado como um “tempero” à relação, em vez de dominar a cena.
É útil conversar com amigos e amigas para se espelhar um pouco, tentar entender um ponto de vista de outras pessoas que estão de fora e podem dar alguns palpites. Mas, em algumas situações, a terapia também ajuda a entender e superar o ciúme e os problemas de relacionamento.
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