Em experimento com ratos, altas doses da droga transformaram o processo de limpeza das células em uma espécie de suicídio
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h36 - Atualizado às 23h55
Uma pesquisa feita em ratos mostra que altas doses de cocaína podem fazer com que as células do cérebro entrem em um processo de autofagia, ou seja, passem a digerir as próprias entranhas.
A conclusão foi publicada na revista PNAS, da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, e divulgada no site Medical News Today.
A autofagia é um processo natural das células destinada a eliminar resíduos, ou colocar o lixo para fora, digamos assim. Quando esse mecanismo fica hiperativo, porém, as células passam a digerir componentes essenciais, como as mitocôndrias, que produzem energia para a célula.
Essa espécie de suicídio celular foi identificada em ratos que receberam altas doses de cocaína, no experimento realizado por pesquisadores da Universidade Johns Hopkins. Até os filhotes das cobaias que estavam grávidas apresentaram sinais de autofagia.
Os autores também testaram um possível antídoto para esse efeito, uma droga experimental chamada CGP3466B, que já foi estudada em pessoas com parkinson, sem sucesso.
A equipe espera que as descobertas possam levar a um tratamento capaz de reverter os efeitos devastadores da cocaína para o cérebro.