Redação Publicado em 12/04/2021, às 18h31
Se você pudesse escolher uma única idade para ter pelo resto da vida, qual seria? Que tal ficar para sempre com 9 ou 10 anos de idade, sem muitas responsabilidades e o tempo todo dedicado às brincadeiras com os amigos? Ou, quem sabe, com 20 anos, no auge da juventude e com uma vida social agitada?
Ainda que a cultura ocidental idealize a juventude, uma pesquisa feita com 2.000 americanos revela que a maioria não escolhe a infância e muito menos os 20 anos, mas sim os 36.
Segundo um dos pesquisadores comenta em artigo no The Conversation, essa fase da vida – dos 30 aos 40 anos – apesar dos desafios, é muito mais gratificante do que a maioria imagina.
A equipe decidiu explorar esse período que nomearam como “idade adulta estabelecida”. Antes de iniciarem a pesquisa, os estudiosos tinham algumas expectativas: eles sabiam que essa fase da vida traz recompensas - como se estabelecer na carreira, formar uma família e consolidar amizades, mas também alguns desafios significativos.
O principal obstáculo previsto era a chamada “crise de carreira e cuidado”, ou seja, uma colisão entre as demandas do local de trabalho e as relacionadas ao cuidado com os outros. Geralmente, é nessa faixa etária que a pessoa está em uma escalada na carreira profissional escolhida ao mesmo tempo em que, cada vez mais, é esperado que ela cuide dos filhos, atenda às necessidades dos parceiros e, talvez, precise cuidar de familiares idosos. Tudo isso pode criar ainda mais trabalho e estresse.
Para a surpresa dos estudiosos, os resultados foram diferentes do esperado. Realmente as pessoas nessa faixa etária se sentem sobrecarregadas e se queixam de ter muita coisa para fazer em pouco tempo, mas elas também relatam muita satisfação. Em outras palavras, todas as fontes de estresse também trazem alegrias.
Segundo os pesquisadores, examinando os dados mais de perto, fica clara a razão pela qual os participantes da pesquisa desejam permanecer com 36 anos em vez de qualquer outra idade: essa fase representa o auge da vida e, após anos trabalhando para crescer na carreira e nos relacionamentos, surge a sensação de estar mais perto de alcançar seus objetivos.
Além da sensação acima, os entrevistados também disseram que tinham mais autoconfiança e se conheciam melhor com essa idade.
De acordo com a equipe, grande parte dos entrevistados reconheceu que era mais feliz aos 30 do que aos 20 anos e que isso inclusive impactava a maneira de encarar alguns sinais de envelhecimento físico que começavam a aparecer.
Uma das entrevistadas, por exemplo, relatou que, se pudesse, voltaria aos 20 anos apenas pelo aspecto físico, mas não tomaria essa decisão se também tivesse que retornar àquela idade emocional e mentalmente.
Os pesquisadores alertam sobre algumas ressalvas em relação ao estudo. De acordo com eles, as entrevistas foram feitas principalmente com brancos de classe média. Assim, é possível que para indivíduos com menor poder aquisivo, ou para quem enfrenta racismo, por exemplo, os resultados fossem diferentes.
Vale lembrar, também, que a chamada “crise de carreira e cuidado” ficou ainda mais em evidência com a chegada da pandemia de Covid-19, especialmente para as mulheres. Por essa razão, todo esse contexto pode estar levando a uma diminuição da satisfação com a vida em adultos entre 30 e 45 anos, já que precisam conciliar a carreira e os cuidados com as crianças em tempo integral.
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