Redação Publicado em 04/01/2022, às 18h00
A enxaqueca é uma doença neurológica comum e incapacitante. Dores de cabeça intensas e dolorosas afetam com frequência pessoas entre 18 e 44 anos, sendo que muitas deixam de realizar o tratamento medicamentoso por medo de sofrerem com os possíveis efeitos colaterais.
Com esse cenário, pesquisas têm mostrado que a combinação de medicamentos com tratamentos comportamentais funciona melhor para prevenir a dor de cabeça do que apenas os remédios. Entre as opções está a prática da atenção plena, associada a melhorias em indivíduos com dores crônicas, incluindo a enxaqueca.
Vale lembrar que a atenção plena – ou mindfulness, em inglês – é uma estratégia mente-corpo que envolve focar propositalmente a atenção no presente, na consciência momentânea, e aceitá-la sem qualquer julgamento.
O estresse é um gatilho bem conhecido para a enxaqueca, e eventos estressantes têm sido associados a pessoas que experimentam dores de cabeça crônicas ou mais frequentes. Dessa forma, consequentemente, a atenção plena pode resultar na redução e na resposta emocional ao estresse, além da melhora da felicidade geral. Em pacientes com enxaqueca, a gravidade da dor e sintomas desagradáveis também podem ser diminuídos com a técnica.
Essa metodologia ainda pode potencialmente fortalecer o controle emocional e cognitivo da dor, ajudando a treinar alguém com enxaqueca para reavaliar e modificar a sua avaliação do incômodo. As práticas de atenção plena também ajudam a controlar a depressão, ansiedade e a sensação de dor, desempenhando um papel importante no caso de enxaqueca crônica.
Em um estudo recente publicado no JAMA,um grupo de pesquisadores investigou se a redução do estresse baseada em mindfulness pode fornecer benefícios para pessoas que sofrem de enxaqueca.
Para a pesquisa, metade dos participantes com enxaqueca receberam tratamento de mindfulnesse a outra metade apenas passou por uma “educação para a dor de cabeça”.
No primeiro caso, foram oito semanas de aulas presenciais com duração de duas horas, que incluíram meditação sentada e andando, escaneamento corporal (atenção sequencial a partes do corpo) e movimento consciente (consciência corporal durante o alongamento suave), trazendo a atenção de volta ao ritmo natural da respiração.
Confira:
O outro grupo sofreu uma intervenção de educação para dor de cabeça, e recebeu um protocolo padronizado de oito semanas de aulas presenciais (também com duração de duas horas) que ensinou sobre os processos biológicos, psicológicos e ambientais associados à enxaqueca, gatilhos de dor de cabeça e estresse. Os pacientes também tiveram tempo para perguntas, respostas e discussão durante cada encontro.
Os resultados mostraram que o tratamento de redução do estresse baseado em mindfulnessmelhorou significativamente a incapacidade, a qualidade de vida das pessoas, a autoeficácia, a impressão sobre a intensidade da dor e a depressão em comparação com pacientes que só receberam educação sobre dor de cabeça.
Além disso, o estudo demonstrou que tratamentos baseados em atenção plena podem reduzir a carga de enxaqueca. Com essa prática, os participantes parecem ter aprendido uma nova forma de processar a dor que pode ter um efeito significativo em sua saúde a longo prazo.
Há também muitas maneiras de pacientes com enxaqueca praticarem a atenção plena em casa. Algumas das seguintes práticas baseadas em mindfulness podem ser incluídas na vida diária, inclusive durante uma crise de enxaqueca:
Fonte: Harvard Health Publishing
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