Redação Publicado em 09/03/2022, às 15h00
A campanha mundial de conscientização sobre a endometriose, conhecida como Março Amarelo, marca as discussões sobre a saúde feminina junto ao dia internacional da mulher, em 8 de março. A estimativa é que, atualmente, pelo menos 190 milhões de mulheres e adolescentes em todo o mundo sofrem com a endometriose, segundo dados apresentados na edição de 2022 do guideline da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia. No Brasil, cerca de 10% das mulheres têm endometriose durante a idade reprodutiva.
O médico especialista em reprodução humana Ricardo Beck explica que a endometriose ainda não tem uma causa definida e pode levar até 12 anos para ser diagnosticada.
Ainda não existe consenso na medicina sobre o que leva uma mulher a ter endometriose, mas sabemos que ela está ligada à produção de hormônio. Quanto mais estrogênio, maiores as chances da endometriose se desenvolver. O perigo está no tempo que a mulher pode levar até ser diagnosticada, uma média de 12 anos”.
A endometriose é uma doença que não apresenta uma idade mínima para se manifestar, mas é mais frequente em mulheres que menstruam, principalmente entre os 25 e 35 anos de idade, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Os principais sintomas são dores pré-menstruais e cólicas muito intensas, a ponto da mulher precisar ir ao pronto-atendimento porque a dor não passa mesmo com analgésicos. “As mulheres também podem apresentar dores durante as relações sexuais, principalmente no fundo vaginal e, em casos mais raros, alterações intestinais e de bexiga. Outro sinal de alerta para investigar a endometriose é a dificuldade para engravidar. Ainda que não seja o caso de todas as mulheres com endometriose, a doença é um dos principais fatores da infertilidade feminina”, explica Ricardo.
A endometriose consiste na presença de tecido endometrial fora do útero, o que afeta a anatomia da pelve e a fertilidade da mulher. Essas aderências anormais entre os órgãos dentro da barriga da mulher dificultam o encontro entre óvulos e espermatozoides dentro da tuba uterina, sendo uma das causas da infertilidade feminina provocada pela endometriose.
A médica ginecologista e especialista em reprodução humana Patrícia Cunha Pereira explica que a reserva ovariana da mulher também pode ser prejudicada quando a endometriose acomete os ovários.
Esses casos são chamados de endometriomas, cistos de endometriose nos ovários. Isso pode causar uma redução da reserva ovariana da mulher, o que torna o ambiente ovariano não saudável. É importante lembrar que a reserva ovariana é pré-definida no nascimento e a mulher não produz mais folículos durante a vida. Então, quando uma doença afeta essa reserva, há um impacto direto na quantidade e qualidade de óvulos dessa mulher”.
A endometriose é uma doença crônica que deve ser tratada ao longo da vida de maneiras diferentes, de acordo com o desejo da mulher. Para aquelas que não querem engravidar, a endometriose pode ser tratada com o bloqueio hormonal. “Geralmente esse bloqueio é feito com uso de anticoncepcional para que os focos de endometriose não aumentem ao longo dos anos. Além disso, o bloqueio hormonal ajuda a diminuir as dores provocadas pela doença”, afirma Patrícia.
Para as mulheres que têm endometriose e desejam engravidar, há duas opções: a cirurgia para remoção dos focos de endometriose para tentar uma gestação natural ou investir em técnicas de reprodução assistida.
Quando a mulher opera, aumentam as chances de engravidar em casa. Mas se a mulher tem outros fatores de infertilidade associados, como fator masculino de infertilidade ou uma endometriose severa, a cirurgia não é indicada. Orientamos a paciente a fazer uma técnica de reprodução assistida, como a fertilização in vitro”, explica a especialista.
Ainda não se sabe como é possível prevenir a endometriose. O recomendado é manter um acompanhamento regular com um médico ginecologista e ter atenção aos sinais da doença para diagnóstico.
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