Pesquisa sugere que odores desagradáveis são processados mais rapidamente do que aqueles que consideramos agradáveis
Redação Publicado em 30/05/2022, às 16h00
O cheiro de uma xícara de café ajuda você a começar o dia? Ou você não suporta odores muito fortes? De acordo com uma nova pesquisa da Universidade de Tóquio (Japão), a rapidez com que o cérebro processa o cheiro pode depender de se achamos o odor agradável ou não.
A pesquisa utilizou um dispositivo de entrega de odor juntamente com a análise de uma máquina de eletroencefalograma posicionada no couro cabeludo, o que permitiu a observação de quando e onde os odores são processados no cérebro.
O estudo descobriu ainda que problemas na percepção do odor podem ser um sintoma precoce de doenças neurodegenerativas, tornando-se uma ferramenta importante para entender melhor essas condições no futuro.
A equipe criou um dispositivo especial capaz de entregar 10 odores diversos de uma forma bastante precisa. Todos os cheiros foram administrados aos participantes e cada um, por sua vez, utilizou tampas de eletroencefalograma (EEG) não invasivas no couro cabeludo para registrar sinais cerebrais.
Segundo os pesquisadores, foi possível detectar sinais de odores no cérebro a partir de respostas muito precoces no EEG, tão rapidamente quanto 100 milissegundos após o início do odor.
A detecção do cheiro pelo cérebro ocorreu antes mesmo de o odor ser conscientemente percebido. Além disso, a representação do desconforto no cérebro provocado por algum cheiro emergiu antes do que a de prazer.
Confira:
Quando odores desagradáveis (como cheiros podres e rançosos) eram administrados, os cérebros dos participantes podiam diferenciá-los de odores neutros ou agradáveis em 300 milissegundos após o início.
No entanto, a representação de odores agradáveis (como cheiros florais e frutados) no cérebro não ocorreu até 500 milissegundos em diante. Somente de 600 a 850 milissegundos após o início do cheiro, áreas significativas do cérebro envolvidas no processamento emocional, semântico (linguagem) e de memória tornaram-se mais envolvidas.
Os pesquisadores explicam que a percepção anterior de odores desagradáveis pode ser um sistema de alerta antecipado contra perigos potenciais.
Vale lembrar que a forma como cada sistema sensorial recruta o sistema nervoso central difere entre as modalidades sensoriais (olfato, luz, som, paladar, pressão e temperatura). No cotidiano, os odores são percebidos junto com outras informações sensoriais, como a visão, e cada sentido influencia a percepção do outro.
Assim, compreender quando e onde no cérebro a percepção olfativa (olfato) emerge é capaz de ajudar a entender como funciona o sistema olfativo. Também pode servir para uma melhor compreensão dos mecanismos de doenças neurodegenerativas, como Parkinson e Alzheimer, em que uma disfunção no olfato é um sinal de alerta precoce.
Veja também:
Doença de Parkinson: 5 fatos que você deve conhecer
Seu umbigo tem um cheiro diferente? Existe uma explicação para isso
Covid-19: fisioterapia de cheiros é alternativa para recuperar olfato
Cheiro e voz também contam para atrair alguém, diz pesquisa