Redação Publicado em 08/10/2021, às 17h40
O período do isolamento social levou muitas pessoas a experimentarem um ganho de peso. Para entender melhor esse contexto, pesquisadores decidiram analisar dados de 15 milhões de pacientes comparando o ano anterior ao início da pandemia e a mudança de peso ao longo da quarentena.
De acordo com os dados, 39% das pessoas ganharam peso durante esse período – nesse caso, ganho de peso foi definido como uma mudança acima da flutuação normal de 2,5 quilos; dessas, 27% ganharam menos de 12,5 quilos e 10% engordaram mais de 12,5 quilos, com 2% ganhando mais de 27,5 quilos.
Mas, afinal, qual a relação entre estresse, peso e pandemia?
O primeiro ano de pandemia foi marcado por altos níveis de estresse devido a todos os sentimentos impulsionados pelo novo contexto que surgia: incertezas, inseguranças e medos. O estresse, por sua vez, está diretamente associado à elevação do cortisol, hormônio que pode causar o aumento da ingestão de alimentos hiperpalatáveis (ricos em sal, gordura ou ambos).
Há ainda evidências de que os nossos corpos metabolizam a comida de forma mais lentaquando estão sob estresse. Além disso, o estresse e os altos níveis de cortisol estão ligados ao aumento da gordura da barriga, o que coloca as pessoas em risco para questões de saúde, como doenças cardíacas e diabetes tipo 2.
Para adicionar mais um item a essa lista de impactos negativos do estresse sobre o corpo, ter grande quantidade de cortisol pode reduzir a massa muscular, e isso acaba impactando a taxa metabólica. Em outras palavras, quanto menos massa muscular uma pessoa tem, menor será sua taxa metabólica e menos calorias ela queima em repouso.
Confira:
Algumas pessoas, em contrapartida, respondem ao estresse não comendo. Elas ignoram suas sugestões de fome e, dessa forma, podem perder peso em momentos estressantes e desafiadores.
A pesquisa citada anteriormente, por exemplo, também revelou que 35% dos pacientes perderam peso durante o primeiro ano da pandemia. É importante lembrar que poucos indivíduos reclamam quando perdem peso e, por isso, a tendência é ouvirmos menos sobre essa queixa.
As razões para isso acontecer são provavelmente multifacetadas. É possível que as pessoas estivessem sentadas mais e se movendo menos. Assim, perderam massa muscular e ganharam gordura (gordura pesa menos que músculo).
Outra explicação – dessa vez, mais saudável – é que os indivíduos passaram a priorizar sua saúde e começaram a ter mais controle sobre os alimentos ingeridos. Em um contexto de isolamento social, muitos estavam cozinhando em suas próprias cozinhas. Segundo algumas pesquisas, fazer comida em casa para si em vez de ir a um restaurante pode ajudar a perder peso.
Um estudo da Universidade de Minnesota (Estados Unidos), por exemplo, acompanhou os hábitos alimentares e a saúde de 3.031 pessoas durante 15 anos: aqueles que comiam fast food duas ou mais vezes por semana ganhavam 10 quilos a mais do que aqueles que raramente comiam dessa forma. Em outro estudo da mesma universidade, mulheres que saíram para fast food uma vez a mais por semana, durante um estudo de três anos, engordavam 1,6 quilos a mais.
Além disso, alguns indivíduos aproveitaram o tempo de quarentena como uma oportunidade para fazer exercícios e focar em sua forma física, nutrição e sono. Essas pessoas provavelmente perderam peso. Também é possível que, sem um deslocamento de trabalho, as pessoas tenham tempo para se exercitar e preparar refeições mais saudáveis em casa.
Fonte: Harvard Health Publishing
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