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Como o exercício pode reduzir sintomas da depressão? Pesquisa dá pistas

A OMS orienta que adultos pratiquem de 150 a 300 minutos de atividades físicas moderadas por semana - iStock
A OMS orienta que adultos pratiquem de 150 a 300 minutos de atividades físicas moderadas por semana - iStock

Redação Publicado em 31/03/2022, às 16h00

Exercitar-se por 30 minutos pode reduzir os sintomas de depressão por, pelo menos, 75 minutos após o treino, além de amplificar os benefícios da terapia. Essa é uma descoberta de dois novos estudos liderados por pesquisadores da Universidade Estadual de Iowa (Estados Unidos), cujo foco era entender como uma sessão de exercício por dia influenciaria os sintomas primários de um quadro depressivo. 

Melhoras notáveis 

Para o primeiro estudo, foram recrutados 30 adultos com grandes episódios depressivos. Os participantes preencheram formulários antes, no meio do caminho e logo após uma sessão de 30 minutos de ciclismo de intensidade moderada. Também foram colhidas informações nos 25, 50 e 75 minutos pós-treino. Aqueles que pedalaram durante a primeira visita ao laboratório voltaram uma semana depois para realizarem o experimento novamente, ficando 30 minutos sentados enquanto outra parte dos participantes praticava os treinos.

Cada formulário incluía perguntas e escalas padrão utilizadas para medir sintomas de depressão e várias tarefas cognitivas. Um dos procedimentos utilizados foi o teste Stroop, no qual os participantes responderam à cor de uma fonte específica em vez da palavra em si (por exemplo, indicando "vermelho" quando viram a palavra "azul" em tinta vermelha). 

Os dados foram utilizados para  rastrear alterações em três características marcantes da depressão:

  • Estado de humor deprimido: por exemplo, tristeza e desânimo;
  • Anedonia: dificuldade em experimentar prazer em atividades anteriormente desfrutadas;
  • Diminuição da função cognitiva: dificuldade de pensar e de lidar com múltiplas informações ao mesmo tempo.

Durante o experimento, o estado de humor deprimido dos participantes melhorou ao longo dos 30 minutos de exercício e consistentemente até 75 minutos depois. Já a anedonia começou a cair aos 75 minutos após a atividade, mas ainda assim foi melhor do que os níveis dos participantes no grupo que não se exercitava.

Confira:

Quanto à função cognitiva, os que pedalavam eram mais rápidos no teste stroop no meio do exercício, mas relativamente mais lentos 25 e 50 minutos após o exercício em comparação com os participantes do grupo de descanso. 

De acordo com os pesquisadores, esses benefícios para o estado de humor deprimido e a anedonia podem durar mais de 75 minutos, mas seria necessário fazer um estudo mais longo para determinar quando eles começam a diminuir. 

Entretanto, os resultados sugerem uma janela de tempo pós-exercício em que pode ser mais eficaz para alguém com depressão fazer algo psicologicamente ou cognitivamente exigente, como uma apresentação, um teste ou, mesmo, ir à terapia.

Potencializador da terapia 

Para os autores, é possível unir os benefícios de curto prazo que acontecem com a prática de exercícios e os de longo prazo que aparecem com a terapia, fornecendo uma intervenção geral mais eficaz.

Para comprovar essa hipótese, os pesquisadores realizaram um estudo piloto em que metade dos dez participantes se exercitou por conta própria (pedalou, correu, andou) por 30 minutos em um ritmo de intensidade moderada antes de frequentar uma hora de terapia de comportamento cognitivo virtual. 

Os outros indivíduos simplesmente continuaram suas atividades diárias antes de suas sessões de terapia. Ao final do programa, os participantes de ambos os grupos apresentaram melhoras, mas aqueles que se exercitaram antes de conversar com um terapeuta tiveram reduções mais acentuadas nos sintomas da depressão.

Os pesquisadores disseram que os resultados são promissores e indicam que o exercício pode ajudar a amplificar os benefícios da terapia para adultos com depressão. No geral, a pesquisa mostrou que as pessoas estavam interessadas e manteriam a abordagem combinada e que o exercício parecia ter efeitos sobre a depressão e sobre os mecanismos da terapia.

Um desses mecanismos diz respeito à relação entre cliente e terapeuta. Segundo a equipe, se uma pessoa sentir uma conexão com seu terapeuta, há uma chance maior de continuar indo à terapia e as sessões provavelmente terão maior impacto.

Assim, os participantes que se exercitaram antes da terapia relataram uma conexão mais rápida e forte com seus terapeutas. Para os pesquisadores, os achados sugerem que o exercício pode estar preparando ou "fertilizando" o cérebro para se envolver com um trabalho mais emocionalmente desafiador que pode acontecer durante a terapia.

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