Depois de um dia estressante, nosso metabolismo desacelera e queimamos menos calorias, segundo pesquisa
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h16 - Atualizado às 23h57
O experimento envolveu 58 mulheres de 31 a 70 anos com relatos de estresse devido a excesso de trabalho, brigas com o companheiro, discussões com os amigos ou problemas com os filhos.
Depois de vivenciar a situação estressante, elas ingeriam refeições de 930 calorias e 60 gramas de gordura, algo similar ao hambúrguer com batata frita oferecido em lanchonetes.
Nas sete horas seguintes às refeições, os pesquisadores mediram a taxa metabólica das mulheres, índice que mostra a velocidade com que o organismo metaboliza as calorias e a gordura. Elas também tiveram os níveis de glicose, triglicérides, insulina e cortisol (hormônio do estresse) medidos.
Os pesquisadores descobriram que as participantes que relataram uma ou mais situações estressantes no dia anterior queimaram, em média, 104 menos calorias que as outras. As mulheres mais estressadas também apresentaram níveis mais altos de insulina e menor queima de gordura.
Os pesquisadores acreditam que os resultados possam valer também para os homens, mas são necessários outros estudos para confirmar a hipótese.
Segundo o principal autor do estudo, o professor de psiquiatria e psicologia Jan Kiecolt-Glaser, da Universidade do Estado de Ohio, uma diferença de 104 calorias pode parecer pouco, mas um excedente como esse todos os dias resulta em quase 5 kg depois de um ano.
Ele admite que a projeção é pessimista – em geral as pessoas não passam por situações de estresse todos os dias, nem se alimentam com fast-food diariamente. Além disso, há gente que come até menos quando está nervoso.
O estudo também mostrou, no entanto, que pessoas com histórico de depressão sofrem mais com os efeitos do estresse. Mulheres com esse perfil apresentaram um pico de triglicérides após as refeições – esse tipo de gordura é usado como fonte de energia e níveis altos podem levar a doenças cardíacas.
Assim como esse, vários outros trabalhos já mostraram que o estresse e a depressão estão associados a um risco mais alto de obesidade, síndrome metabólica e problemas cardíacos.
A lição que fica, segundo os autores, é que é impossível evitar uma situação de estresse. Mas é possível evitar a tentação de exagerar nas calorias depois de um dia difícil, enchendo a geladeira e o armário da cozinha de opções mais saudáveis.