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Consumo abusivo de álcool aumenta entre as brasileiras, diz relatório

De 2010 a 2020, o maior aumento observado no consumo abusivo entre mulheres foi na faixa de 18 a 34 anos - iStock
De 2010 a 2020, o maior aumento observado no consumo abusivo entre mulheres foi na faixa de 18 a 34 anos - iStock

Redação Publicado em 17/06/2022, às 16h14

A proporção de homens que bebe é maior do que a de mulheres. Mas essa diferença tem diminuído cada vez mais. De 2010 a 2020, o consumo abusivo de álcool na população feminina passou de 10,5% para 16%. Já na população masculina a proporção permaneceu estável – passando de 27% em 2010 para 26,6% em 2020. Os dados fazem parte do relatório “Álcool e a Saúde dos Brasileiros – Panorama 2022”, divulgado esta semana pelo Cisa (Centro de Informações sobre Saúde e Álcool).

O maior aumento observado de 2010 para 2020 foi entre mulheres de 18 a 34 anos. Apesar disso, houve crescimento em todas as faixas etárias analisadas, ao mesmo tempo em que os índices permaneceram estáveis para os homens de todas as idades.

Os números indicam que o consumo abusivo de bebida alcoólica cresceu significativamente no primeiro ano da pandemia. Em 2020, também foram registradas 8.169 morates totalmente atribuíveis ao álcool no país, o que representou um crescimento de 24% em relação a 2019.

Por outro lado, os dados de 2021 mostram redução do consumo abusivo na população geral e entre homens e mulheres, o que pode ser resultado de uma estabilização após o estresse inicial provocado pela pandemia.

Gênero e cultura

De maneira geral, os homens bebem mais que as mulheres, e também são os responsáveis pelos maiores danos relacionados ao álcool (contra si e também contra os outros). O Cisa observa que, embora essas diferenças de gênero no uso de álcool sejam aparentemente universais, as proporções variam muito de acordo com os papéis ocupados pelas mulheres em diferentes culturas. Na Nova Zelândia e na Noruega, por exemplo, a razão de consumo homem/mulher hoje está em torno de 1:1. Já na Índia, segundo estudos, é de 12:1.

O relatório também mostra que em 2020 houve um aumento significativo do consumo abusivo, entre mulheres, em 13 capitais brasileiras: Aracaju, Belo Horizonte, Cuiabá, Curitiba, Florianópolis, Goiânia, Palmas, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo, Vitória, e Distrito Federal. Para as demais capitais, as tendências foram de estabilidade.

Outros estudos citados pela análise reforçam a constatação de que mais mulheres adultas têm bebido em excesso, e a previsão é de haja uma convergência no consumo de homens e mulheres até 2030.

Confira:

Idosos

Um estudo citado no relatório mostra que um em cada quatro brasileiros com 60 anos ou mais (23,7%) consome álcool, sendo que 6,7% admitem o chamado Beber Pesado Episódico (BPE), ou seja, o consumo de mais de quatro ou cinco doses em uma única ocasião no mês anterior à pesquisa.

“O abuso de álcool nessa faixa etária pode alterar circuitos neurais relacionados ao estresse e à cognição, assim como a produção de alguns neurotransmissores, podendo induzir alterações na coordenação motora, no equilíbrio, na fala, no comportamento e nas funções cognitivas”, informa o relatório.

Outro trabalho nacional citado, com 60 idosos com média de 64 anos de idade, revela que os indivíduos que bebem muito ou apresentam dependência de álcool têm comprometimentos emocionais frequentes, já que o uso crônico da substância é associado a depressão e ansiedade. E essas alterações podem ser ainda mais intensas com o envelhecimento, estando associadas a questões de autoestima e autoaceitação.

Jovens

O Cisa chama a atenção a queda do consumo abusivo entre os jovens de 18 a 34 anos. Essa prevalência, para homens e mulheres, era de 23,3% em 2010, passando para 28,8% em 2020 e para 23,3% em 2021. “Essa redução acontece em um cenário de retorno gradual à normalidade, e a despeito da retomada do funcionamento de bares e restaurantes e dos eventos, que são locais onde o consumo de álcool ocorre com frequência entre a população jovem”.

Para os menores de idade, a pesquisa mais atual é o PeNSE 2019, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que também aponta para o aumento do consumo entre as garotas. A experimentação de álcool em 2019 foi de 66,9% entre as meninas de 13 a 17 anos (contra 62,9%, em 2015), enquanto para os meninos o valor, nessa faixa etária, foi de 59,6% (contra 60% em 2015).

Beber e dirigir

Estima-se que o álcool seja responsável por 36,7% de todos os acidentes de trânsito entre homens e 23% entre mulheres. A Lei Seca trouxe uma redução significativa nesses números, de cerca de 7,4%, mas a prevalência de uso da substância, e também de outras drogas, ainda é alta em vítimas fatais.

Em 2020 e 2021, no conjunto das 27 capitais brasileiras, 5,4% dos indivíduos disseram ter dirigido algum veículo motorizado após consumo de bebida alcoólica. A proporção foi maior entre homens (9,2% em 2020 e 9,7% em 2021) do que entre mulheres (2,2% e 1,7%, respectivamente).

Em 2021, a frequência de adultos que referiram conduzir veículos motorizados após o consumo de qualquer quantidade de bebida alcoólica variou de 2,5% em Maceió a 12,6% em Palmas.

As maiores frequências entre homens foram observadas em Palmas (21,1%), Teresina (19,1%) e Boa Vista (16,8%), e as menores ocorreram em Maceió e Fortaleza (5,0%) e Natal (5,1%). Entre as mulheres, as maiores frequências ocorreram em Florianópolis (5,4%), Palmas (5,1%) e Boa Vista (4,9%) e as menores no Recife (0,1%), no Rio de Janeiro (0,3%) e em Maceió (0,4%).

Na análise de 2011 a 2020, foi constatado que não houve alterações significativas no ato de beber e dirigir, independente do gênero. Nesse mesmo período, as capitais que apresentaram redução percentual anual significativa do beber e dirigir ao longo do tempo foram Recife (PE), com valor de -11,58%; Salvador (BA), com valor de -5,60%; Natal (RN), com valor de -7,22%; e Porto Alegre (RS), com valor de -4,83%.

Para saber sobre os riscos de misturar bebida e direção, conheça a experiência digital Na Contramão, no site https://drinkdriving.drinkiq.com/. Marque seus colegas, e compartilhe com amigos ou familiares.

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