Jairo Bouer Publicado em 10/08/2020, às 18h03 - Atualizado às 18h04
Cada vez que uma mulher consome álcool entre a primeira e a 10ª semana de gravidez, seu risco de perder o bebê aumenta 8%, de acordo com um estudo. As informações foram publicadas no American Journal of Obstetrics and Gynecology.
A maioria das mulheres para de beber ou reduz o consumo ao descobrir que está grávida, mas, para pesquisadores da Universidade de Vanderbilt, nos EUA, o álcool também pode trazer problemas para a gestante logo após a concepção.
A equipe analisou dados de 5.353 mulheres e constatou que metade delas havia bebido nas primeiras semanas de gestação. Do total, 14% não bebiam. A maioria interrompeu o consumo por volta do 29º dia de gestação.
As gestantes que pararam de consumir álcool apenas depois de perceberem que a menstruação tinha atrasado tiveram um risco 37% maior de aborto espontâneo em comparação com as mulheres que não usaram álcool.
Mesmo o consumo moderado foi associado ao aumento do risco, e o efeito foi cumulativo: quanto maior a frequência do uso de álcool nos primeiros dias e semanas de gravidez, maior a probabilidade de sofrer um aborto espontâneo.
Para os autores do estudo, os resultados são alarmantes, já que muitos médicos consideram que consumir doses pequenas de álcool no início da gravidez não é tão arriscado. Eles dizem que o álcool modifica padrões hormonais, o que pode interferir de diferentes formas nos processos de implantação e desenvolvimento do embrião.
É bom lembrar que o consumo abusivo de álcool ao longo da gravidez pode causar a síndrome alcoólica fetal, que pode trazer diversos problemas de saúde para a criança, como alterações na face, atraso de crescimento, dificuldades de aprendizado ou de comunicação, deficiência visual e auditiva, entre outros.
Cerca de uma em cada seis gestações reconhecidas termina em aborto espontâneo, o que gera um enorme custo emocional para as mulheres. O álcool é apenas uma das possíveis causas por trás da interrupção da gravidez. De qualquer forma, os pesquisadores enfatizam a importância dos testes de farmácia, e também de se interromper o uso de álcool assim que a mulher decide ter filhos.