Consumo de álcool por mulheres vem crescendo, aponta pesquisa nacional

Pesquisa também mostrou que 16 estados estão acima da taxa nacional de óbitos por 100 mil habitantes

Cármen Guaresemin Publicado em 27/07/2023, às 14h00

Pesquisadores querem entender por quais razões as mulheres estão bebendo de forma mais prejudicial - iStock

Uma boa notícia: pesquisa apontou queda das mortes (- 4,8%) e das internações (-8,8%) causadas pelo álcool, quando comparadas as taxas por 100 mil habitantes entre 2010 e 2021. Entre os homens, a diminuição foi de -8% e -13%, respectivamente. No entanto, a exceção ficou por conta das mulheres: entre elas houve crescimento tanto dos óbitos (+7,5%) quanto das hospitalizações (+5%).

É o que apontou a quinta edição da publicação Álcool e a Saúde dos Brasileiros: Panorama 2023. Trata-se de um levantamento anual elaborado pelo Cisa – Centro de Informações sobre Saúde e Álcool desde 2019, que apresenta a atualização dos dados sobre o impacto do uso nocivo de álcool na população do Brasil em 2021 e análises comparativas entre 2010 e 2021.

Em relação aos dados de 2021, em que houve um pico de mortes atribuídas totalmente ao álcool em dez anos observado no primeiro ano da pandemia, o levantamento do Cisa mostrou uma queda de 2,3% (de 8.738 em 2020 para 8.539 em 2021). No total, o álcool esteve associado a 69.054 mortes em 2021 (76,4% homem x 23,6% mulher).

As internações relacionadas ao consumo de álcool aumentaram 2,5%, em comparação com 2020, fechando 2021 com o total de 336.407 hospitalizações (71% homem x 29% mulher). Para comparação, as hospitalizações por todas as causas no país cresceram 6,5%, no mesmo período.

Impactos na vida das mulheres

Para Arthur Guerra, psiquiatra e presidente do Cisa, o aumento do consumo de álcool por mulheres tem despertado a atenção de profissionais de saúde mundialmente e a preocupação ganha maior relevância quando os dados indicam impactos cada vez mais significativos na vida de tantas mulheres, como no Brasil. “Embora homens continuem sendo as maiores vítimas, é urgente a elaboração de medidas voltadas para a prevenção do uso nocivo de álcool pelas brasileiras”, destaca ele.

Para a socióloga e coordenadora do Cisa, Mariana Thibes, é necessário aprofundar também outras questões essenciais, para encontrar espaços de diálogo. “Para avançarmos em políticas públicas, precisamos entender melhor por quais razões as mulheres estão bebendo de forma mais prejudicial e sensibilizá-las para esta conversa”.

Olhar regional

Guerra chama a atenção para a importância do olhar regional para os indicadores relacionados ao uso de álcool, sobretudo nos estados com cenários preocupantes. Para ele, é essencial que os gestores públicos tenham consciência desses dados e aprofundem essas análises por meio de estudos que investiguem as questões locais que possam estar influenciando o uso nocivo de álcool.

Nesse sentido, vale destacar que 16 estados estão acima da taxa nacional de óbitos por 100 mil habitantes (32,4 mortes/100 mil hab.) e, em relação ao índice de hospitalizações, 11 estados e o Distrito Federal superaram a taxa nacional (157,7 internações/100 mil hab.).

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