Corpo em forma de maçã é associado à perda de controle ao comer

Estudo com mulheres sugere que essa característica pode aumentar a propensão ao transtorno do comer compulsivo

Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h34 - Atualizado às 23h55

-

Mulheres com corpo em forma de maçã, ou seja, com maior acúmulo de gordura no tronco e no abdômen, são mais propensas a sofrer episódios de comer compulsivo, em que há perda de controle e ingestão exagerada comida. A conclusão é de um estudo realizado na Universidade Drexel , nos Estados Unidos.

O trabalho também demonstrou que as mulheres com mais gordura na barriga e no tronco são as que relatam menor satisfação com a sua imagem corporal, o que também pode ter a ver com a perda de controle sobre a alimentação e o desenvolvimento de transtornos alimentares como anorexia, bulimia e comer compulsivo.

Segundo os pesquisadores, a sensação de perda de controle diante da comida é considerado o elemento mais importante dos episódios de compulsão alimentar, mais até do que a quantidade de alimento ingerida. Por isso, eles queriam verificar se essa sensação aumentaria o risco de desenvolver um transtorno como a bulimia, por exemplo, em pessoas saudáveis.

Para isso, eles contaram com 300 jovens adultas, que foram avaliadas no início do estudo, depois de seis meses e depois de um ano. Elas também tiveram sua distribuição da gordura corporal analisada.

Os pesquisadores descobriram que as mulheres com maiores depósitos de gordura central foram mais propensas a ter episódios de perda de controle diante da comida. Elas também apresentavam maior insatisfação com o próprio corpo, independente do percentual de gordura corporal e dos níveis de depressão apresentados.

O aumento de uma unidade no percentual de gordura concentrada na região do tronco e da barriga foi associado a uma elevação de 53% no risco de desenvolver perda de controle ao comer nos dois anos seguintes.  Já o percentual total de gordura não foi associado à propensão maior a comer sem conseguir parar.  Ou seja: o que importa é a localização, e não a quantidade de gordura.

Os autores, em artigo publicado no American Journal of Clinical Nutrition, esclarecem que são necessários mais estudos para entender o que está por trás dos resultados. Uma das hipóteses s é que esse tipo de distribuição de gordura não apenas afeta as mulheres psicologicamente, como também poderia interferir nos sinais de fome e saciedade.

Esse tipo de estudo é importante porque, quanto mais cedo um transtorno alimentar é identificado, maiores as chances de sucesso do tratamento. Embora os pesquisadores conheçam fatores psicológicos envolvidos nesses problemas, ainda faltam informações sobre eventuais bases biológicas.

comportamento obesidade transtorno alimentar mulheres gordura visceral imagem corporal início