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Corrimentos vaginais: o que eles significam?

Queixas de corrimentos são frequentes nas visitas aos ginecologistas - iStock
Queixas de corrimentos são frequentes nas visitas aos ginecologistas - iStock

Anderson José* Publicado em 04/07/2022, às 10h00

São frequentes nos consultórios de ginecologia as queixas sobre corrimentos na maioria das mulheres. Muitas vezes, a saída de líquido anormal da vagina provoca grande desconforto e ocasiona problemas de autoestima nas pacientes. Mas por que será que ocorrem os corrimentos?

Antes de tudo, para o diagnóstico correto da causa, o profissional de saúde precisa diferenciar qual a origem desse corrimento se é proveniente da vagina ou do útero e até de anexos pélvicos, por exemplo. Com isso em mãos, através de um exame físico bem feito, são levantadas hipóteses diagnósticos como vulvovaginites, cervicites ou até Doença Inflamatória Pélvica (DIP).

Corrimento vaginal alto ou baixo?

O corrimento além de poder ser classificado quanto a sua origem anatômica, pode ser também dividido em alto e baixo. Geralmente, corrimento vaginal alto é proveniente de DIP. É a mulher que tem corrimento vaginal, mas têm dor alta, ou seja, no abdome. Além disso, se a origem é alta a paciente pode ter repercussões sistêmicas como febre, alteração do estado geral, manifestações laboratoriais com presença de marcadores inflamatórios. Já o corrimento vaginal baixo tem duas causas: vulvovaginite ou cervicite e a queixa da paciente é local, isto é, só no trato inferior.

Vulvovaginites

Vulvovaginite é uma inflamação ou infecção da região íntima da mulher (incluindo a vulva e/ou a vagina). Existem três vulvovaginites clássicas que são: vaginose, candidíase e tricomoníase, com prevalência nesta ordem, respectivamente.

  • Vaginose: é um quadro causado por um microorganismo chamado Gardnerella vaginalis, embora não seja o único responsável pelo quadro. Em geral, a cor do corrimento é acinzentada e tem um cheiro ruim (pútrido).
  • Candidíase: causada principalmente por Candida albicans ocasionando um corrimento aderido com aspecto em nata de leite, mas que não tem cheiro ruim. Além do corrimento, a candidíase provoca dor ao urinar e coceira na região íntima da mulher.
  • Tricomoníase: é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) causada por um protozoário chamado Trichomonas vaginalis. O corrimento tem característica amarelo-esverdeado e possui cheiro ruim (peixe podre), além de a mulher apresentar reação inflamatória local. Por se tratar de uma IST clássica, é necessário tratar também parcerias sexuais.

Cervicites

É uma inflamação da cérvice que fica bem na entrada do útero. Em geral, é causada por Gonococo e Clamídia que são dois microorganismos muito presentes também na Doença Inflamatória Pélvica. Nos homens, o equivalente da cervicite é a uretrite, já que ocorre inflamação da uretra.

O quadro da cervicite inclui:

Porém, em muitas mulheres o quadro é assintomático e apenas diagnosticado em consulta ginecológica. Além do tratamento medicamentoso, o uso de preservativo inclui medida de prevenção tanto da mulher como do homem.

Doença Inflamatória Pélvica (DIP)

A mulher com DIP tem muita dor abdominal, dor em baixa ventre (pé da barriga), febre e queda do estado geral. Por se tratar de um acometimento de região extensa, é necessário rápido atendimento médico porque o quadro pode complicar.

Entre os sintomas da DIP estão:

  • Dor em baixo ventre
  • Febre
  • Corrimento discreto
  • Dor à mobilização do colo

Assim como a cervicite, os principais agentes causadores de DIP são gonococo e clamídia. Portanto, o tratamento medicamentoso inclui antibióticos. Entre as complicações, a DIP apresenta risco elevado de causar infertilidade além de obstrução tubária favorecendo gravidez ectópica, por exemplo.

Buscando ajuda médica

Diante de alguma anormalidade, as mulheres devem procurara atendimento médico a fim de tratar possíveis infecções ou doenças bem como evitar a piora do quadro. Além disso, as consultas de rotina com realização do exame preventivo (PCCU) estão no rol de medidas de prevenção de problemas no trato geniturinário. Toda mulher que tem ou já teve vida sexual deve submeter-se ao exame preventivo periódico, especialmente as que têm entre 25 e 59 anos. Inicialmente, o exame deve ser feito anualmente. Após dois exames seguidos (com um intervalo de um ano) apresentando resultado normal, o preventivo pode passar a ser feito a cada três anos.