Redação Publicado em 06/08/2021, às 16h36
Os níveis de anticorpos IgG contra a proteína Spike do vírus SARS-CoV-2 (causador da Covid -19) permanecem estáveis, ou mesmo aumentam, sete meses após a infecção, é o que sugere um novo estudo coordenado pelo Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGLOBAL - Espanha).
Os resultados foram publicados na revista Nature Communications e também apoiam a ideia de que anticorpos preexistentes contra outros tipos de coronavírus que provocam resfriados comuns podem proteger contra a Covid-19.
Para prever a evolução da pandemia e desenvolver estratégias eficazes, é fundamental compreender melhor a dinâmica e a duração da imunidade ao SARS-CoV-2. Com esse objetivo em mente, a equipe acompanhou profissionais de saúde de um hospital desde o início da pandemia a fim de avaliar os níveis de anticorpos contra diferentes antígenos ao longo do tempo.
Os pesquisadores analisaram amostras de sangue de 578 participantes, colhidas em quatro momentos diferentes (entre março e outubro de 2020). Eles mediram o nível e o tipo de anticorpos IgA, IgM ou IgG para seis antígenos SARS-CoV-2 diferentes, além da presença de anticorpos contra os quatro coronavírus que causam resfriados comuns em humanos.
Os achados revelaram que a maioria das infecções entre profissionais de saúde ocorreu durante a primeira onda de casos e o percentual de participantes com anticorpos aumentou ligeiramente entre março e outubro (de 13,5% para 16,4%).
Confira:
Com exceção dos anticorpos IgM e IgG contra o nucleocapsídeo (N), o resto dos anticorpos IgG (incluindo aqueles com atividade neutralizante) permaneceu estável ao longo do tempo, confirmando resultados de outros estudos recentes.
Segundo os pesquisadores, surpreendentemente também foi observado um aumento de anticorpos anti-Spike do IgG em 75% dos participantes a partir do quinto mês de análise, mesmo sem qualquer evidência de reexposição ao vírus.
Em relação aos anticorpos contra os outros tipos de coronavírus causadores de resfriados comuns em humanos (HCoV), os resultados sugerem que eles poderiam conferir uma proteção cruzada contra a Covid-19.
Ou seja, as pessoas que foram infectadas pelo SARS-CoV-2 apresentaram níveis mais baixos de anticorpos das outras formas de coronavírus. Além disso, quem ficou assintomático teve níveis mais altos de IgG e IgA anti-HCoV do que quem teve algum sintoma.
Para os pesquisadores, embora essa possível proteção cruzada pela imunidade preexistente aos coronavírus de resfriados comuns ainda precise ser confirmada,isso pode ajudar a explicar as grandes diferenças de suscetibilidade à doença dentro da população.
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