Redação Publicado em 13/04/2022, às 13h00
Estudo brasileiro, realizado por pesquisadores do Einstein e Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e publicado pelo jornal científico inglês BMC Geriatrics, avaliou a influência de doenças crônicas, comprometimento radiológico pulmonar e exames laboratoriais no risco de desenvolver insuficiência respiratória aguda grave com necessidade de ventilação mecânica (intubação) e morte em idosos hospitalizados com Covid-19.
A pesquisa contou com 201 pacientes com mais de 60 anos, e tinha como objetivo estudar quais foram os fatores relacionados a uma pior evolução clínica entre os internados por Covid-19. Os participantes do estudo foram acompanhados desde o momento da internação (estudo prospectivo) e tiveram os desfechos de insuficiência respiratória grave com necessidade de ventilação mecânica e mortalidade avaliados.
Para o médico geriatra do Hospital Israelita Albert Einstein, professor da Unifesp e um dos autores do estudo Alberto Frisoli Junior, os resultados apontam que, dentre todos os fatores analisados, os níveis de vitamina D no sangue menores que 40ng/mL, anemia (hemoglobina menor que 12g/mL), proteína C-reativa (um marcador de inflamação) maior que 80ng/mL e comprometimento pulmonar maior que 50% na tomografia computadorizada foram preditores importantes e independentes para insuficiência respiratória grave e ventilação mecânica.
Por outro lado, os fatores preditivos de morte foram: presença de fibrilação atrial (um tipo específico de arritmia cardíaca), histórico de câncer e o aumento de uma das principais substâncias inflamatórias relacionadas à Covid-19, a interleucina 6. A anemia também foi preditora de morte, mas de forma menos intensa que os demais.
Dentre os participantes, 16,9% evoluíram para insuficiência respiratória com necessidade de ventilação mecânica. Frisoli esclarece que, em contrapartida, o estudo demonstrou que pacientes com níveis maiores que 40 ng/mL de vitamina D no organismo apresentam seis vezes menos chance de serem intubados. Ele reconhece que ainda não se sabe o motivo exato dessa relação, mas há evidências de que a vitamina D tenha um papel relevante para a imunidade, auxiliando no funcionamento adequado do sistema de defesa do nosso organismo.
O estudo apresentou uma metodologia diferenciada por analisar as variáveis relacionadas à gravidade de casos de Covid-19 por meio de acompanhamento médico criterioso. A pesquisa foi realizada em caráter prospectivo, em que pacientes minuciosamente selecionados são acompanhados desde a internação.
Foram avaliados dados demográficos, etnia, hábitos de saúde (fumar e beber), escolaridade (anos) e estado civil, e variáveis de interesse. Todas as informações foram coletadas por telefone ou do prontuário eletrônico. Os dados de doenças crônicas, tomografia do pulmão e exames laboratoriais foram reunidos nas primeiras 48 horas de internação e avaliados de forma independente para garantir que esses fatores pudessem interferir no desfecho clínico. A presença de fibrilação atrial crônica, câncer prévio e anemia foram preditores independentes de morte.
Os pesquisadores admitem que o estudo tem limitações, pois a população pesquisada pode ter um viés de seleção, pois a recusa de alguns médicos e participantes/familiares pode estar relacionada à gravidade do quadro clínico; consequentemente, eles podem ter subrepresentado o número de indivíduos com maior chance de óbito. Não foi possível distinguir se a anemia era aguda ou crônica, pois isso não foi questionado previamente, assim como não foi possível o acesso a exames laboratoriais anteriores.
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