Redação Publicado em 15/12/2020, às 17h19
Com o sistema de saúde focado na Covid-19 desde o primeiro trimestre, centenas de casos de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como sífilis, gonorreia e clamídia, podem ter deixado de ser contabilizados.
É o que sugerem pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, nos EUA, após analisar os registros de ISTs naquele país durante as primeiras 40 semanas de 2020 e comparar com os registros feitos no mesmo período de 2019.
Nos EUA, a Covid-19 foi declarada como emergência nacional no dia 13 de março, ou seja, perto da 11ª semana do ano. Então os pesquisadores usaram a data como ponto de partida para verificar como a pandemia pode ter influenciado as notificações de ISTs.
Entre as semanas 1 a 11 (antes de o país declarar emergência), e as semanas 12 a 40 (após a declaração), houve uma queda de 20,2% nas notificações de clamídia e de 3% para gonorreia. No entanto, houve um aumento de 5,5% nas notificações de sífilis.
Quando os pesquisadores compararam os dados acumulados nas primeiras 40 semanas de 2019 e 2020, eles observaram uma redução nos casos de clamídia (18,2%) e de sífilis (6,9%), e uma estabilidade nos registros de gonorreia (-0,06%).
A equipe também comparou o número de casos semana a semana após a declaração de emergência, e verificou que os períodos de intensa notificação de casos de Covid-19 coincidiram com os de maior redução nos registros de ISTs.
Além disso, a equipe da Johns Hopkins mostrou que os números de casos para 42 das 44 doenças notificadas obrigatoriamente pelos EUA também apresentaram queda, o que significa que as ISTs não foram os únicos problemas de saúde que tiveram seu controle impactado pela pandemia.
Para os autores do estudo, não está claro se as diminuições observadas nos casos de clamídia e, em menor grau, de gonorreia e sífilis, se devem ao isolamento social, que teria reduzido as transmissões. Ou, o que eles consideram mais provável, se houve menor procura por atendimento médico e testes de ISTs por causa da Covid-19.
Junto com as conclusões, publicadas na revista Sexually Transmitted Infections, os pesquisadores alertam para a necessidade de se criar testes mais acessíveis à população, que possam ser enviadas pelo correio para o médico, por exemplo, para evitar distorções em épocas críticas como a da atual pandemia.
Vale acrescentar que esse tipo de facilidade beneficiaria muito o controle das ISTs, já que muita gente não vai ao médico com regularidade para checar a saúde sexual.
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