Estados discutem imunização obrigatória, e ainda há quem se oponha às máscaras
Tatiana Pronin Publicado em 24/08/2021, às 14h56 - Atualizado às 16h00
Nesta segunda-feira (23), o FDA (Food and Drug Administration), agência reguladora de medicamentos nos EUA, aprovou definitivamente a primeira vacina contra Covid-19 – a Comirnaty (mais conhecida como Pfizer-BioNTech), indicada para quem tem 16 anos de idade ou mais. O uso emergencial foi mantido em jovens de 12 a 15 anos de idade, bem como a terceira dose recomendada para alguns indivíduos com imunidade comprometida.
A aprovação completa da vacina é considerada um marco importante, mas os EUA ainda têm muitos obstáculos a serem enfrentados com a nova onda de hospitalizações e mortes por Covid. Os norte-americanos começaram o verão seguros de que finalmente teriam uma rotina mais próxima à pré-pandemia. O uso de máscaras já não era obrigatório para vacinados, e muitas famílias já comemoravam uma volta às aulas mais “normal” em agosto/setembro, início do ano letivo. Mas o cenário mudou de forma drástica.
Se no início de julho havia indícios de que o número de mortes diárias cairia para dois dígitos, no último domingo (22) os registros passaram de 1.000 novamente. A variante Delta tem sido encontrada em 98% das amostras. Cerca de 63% das pessoas com 18 anos ou mais estão completamente vacinadas, mas a proporção cai para 52% quando se considera toda a população para a qual os imunizantes estão disponíveis. Há até incentivo financeiro para quem decidir se proteger.
Estados com índices de vacinação mais baixos, como Mississippi, Louisiana e Flórida, são os que enfrentam pior situação. Na Flórida, um dos cinco estados com maior concentração de brasileiros no país, a média móvel de mortes por Covid é a maior desde o início da pandemia. Entre sábado e domingo últimos, foram notificadas 726 mortes, mais de 3.500 pacientes em leitos de UTI e mais de 42 mil novos casos confirmados.
Confira:
Com o retorno às aulas neste mês, a Flórida tem enfrentado um aumento preocupante nos casos graves de Covid em crianças, que fez os hospitais pediátricos lotarem, de acordo com a imprensa local. Médicos têm atribuído essa mudança de perfil não apenas a pais e avós não vacinados, mas também à própria Delta, variante mais transmissível e que geraria sintomas iniciais mais parecidos com um simples resfriado. No último dia 14, a agência Reuters noticiou que os EUA tinham registrado o número recorde de 1.900 hospitalizações de crianças por Covid, a maioria no Sul do país.
Apesar da ameaça, cada estado se comporta de uma forma. O governador republicano da Flórida Ron DeSantis, por exemplo, ameaçou punir distritos escolares que obrigassem as crianças a usar máscaras nas sala de aula. Pelo menos oito já desafiaram as ordens do estado, mas no restante da Flórida, basta que os pais enviem um bilhete à professora para comunicar que seus filhos não irão usar máscara. Muitos pais têm feito isso, por mais surreal que pareça, e fica a cargo dos funcionários driblar a frustração do resto diante de uma regra desigual.
Sim, as mortes por Covid em menores de 18 anos são raras: 430 até 14 de agosto, segundo o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças no país), de um total que hoje supera 629,5 mil nos EUA. Mas com novas variantes e o anúncio recente de que logo toda a população precisará da terceira dose, parece razoável para alguns – mas não para todos – que escolas exijam máscara para proteger a própria saúde dos pequenos.
De acordo com o anúncio do FDA sobre a aprovação da vacina da Pfizer ontem, a entidade ainda aguarda resultados de estudos clínicos para aprovação definitiva da imunização de jovens de 12 a 15 anos, e para liberar em qualquer instância a vacina para crianças mais novas. À imprensa, Pfizer e Moderna têm dito que vão submeter seus dados para a agência em setembro e em dezembro, respectivamente. Pais ansiosos para vacinar seus filhos, portanto, ainda precisam esperar.
A aprovação da Pfizer-BioNTech favorece os estados e empresas privadas que já tinham anunciado a obrigatoriedade da vacina para servidores e funcionários, assim como estabelecimentos fechados, como bares e restaurantes, têm exigido o mesmo de seus clientes. Muitas universidades, como as de Nova York e Minnesotta, já anunciaram que exigirão o comprovante da vacina dos alunos em ensino presencial. Mas a polarização política e o debate sobre liberdades individuais geram comportamentos tão distintos em relação à pandemia, que fica difícil manter o controle da doença em todo o país.
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